A investigação do rombo no Banco Panamericano aponta, além de problemas contábeis, a suspeita de que pode ter havido desvio de dinheiro nas operações com cartões de crédito.
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Durante a investigação, diretores já demitidos admitiram que financiavam o saldo de devedores dos cartões em valores superiores à dívida real. Assim, o dinheiro que saía do caixa do banco era superior ao que os clientes financiavam.
Do rombo total de R$ 2,5 bilhões do Panamericano, R$ 400 milhões tiveram origem nos cartões. Ontem, o Ministério Público Federal em São Paulo recebeu a notificação do Banco Central para investigar o caso. Também ontem, a Polícia Federal (PF) informou que abriu investigação.
Internamente, as irregularidades serão apuradas pela nova diretoria e pela PriceWaterhouseCoopers, auditoria indicada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emprestou os R$ 2,5 bilhões para Silvio Santos salvar o Panamericano. Um dos obstáculos que os investigadores vão encontrar é que o setor de cartões de crédito no Brasil vive uma espécie de limbo jurídico. Nenhum órgão de governo é responsável pela fiscalização da área. Além disso, a administradora de cartões do Panamericano não está subordinada ao banco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Entenda o caso
* Diretores do banco Panamericano teriam registrado ativos e créditos fictícios para inflar os resultados da instituição, provocando a fraude.
* O Banco Central detectou o problema em auditoria e abriu investigação.
* O Grupo Silvio Santos, controlador do banco, assumiu a responsabilidade pelo problema e informou ao BC que iria cobrir o rombo sem prejuízo para os demais sócios.
* Já o Fundo Garantidor de Crédito, que garante depósitos em caso de quebra de bancos, aceitou fazer empréstimo de R$ 2,5 bilhões ao Grupo Silvio Santos em troca de bens dados como garantias.
* O BC ainda apura a responsabilidade pelo erro contábil e quem foram os beneficiados, que podem ser punidos administrativamente e com base na lei do “colarinho branco”.
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* Com a descoberta do rombo, os executivos do Panamericano foram demitidos e substituídos por uma nova diretoria, com presença maior da Caixa Econômica Federal, que comprou parte do banco no ano passado.