Uma das supostas irregularidades encontradas por auditoria da CGU na área de ensino a distância (EaD) da UFSC diz respeito à contratação de empresas de turismo para serviços de viagem. De acordo com o inquérito, há indícios de fraudes na locação de veículos para transportar professores e bolsistas do curso de Física até os polos da universidade em outras cidades. Conforme a investigação, a UFSC teria pago R$ 124,6 mil por 99 translados entre 2010 e 2014 – um preço 88% superior do que o valor de mercado e o suficiente para comprar três carros novos, conforme a CGU, que também investigou as irregularidades.

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Para a Polícia Federal, o coordenador do curso, Marcio dos Santos, ignorava licitações e contratava os serviços da S.A. Tour Viagens e Turismo Ltda. Uma das notas fiscais anexadas ao inquérito comprova o pagamento de R$ 9 mil à empresa sem detalhar o trajeto, carros, placas, custos com combustível e motorista. “Resta nítido o superfaturamento”, escreveu a delegada Érika Marena. A PF também acredita que Santos simulava concorrência com outras três supostas empresas fantasmas para favorecer a S.A. Tour. Os orçamentos da Ilha dos Açores Turismo, da Arroba Turismo e da AJC Agência de Viagens e Turismo eram redigidos com a mesma letra ou tinham formatação e erros de digitação idênticos. Os valores, no entanto, eram superiores, uma estratégia para justificar a escolha da S.A.Tour.

A empresa ganhou 91% das licitações. Há casos em que o coordenador do curso locou mais de um carro para o mesmo dia e destino e em que houve pagamento para a locadora mais reembolso para os professores pelo deslocamento por conta própria.

A reportagem do DC procurou as empresas nos endereços citados na documentação e não encontrou agências de turismo funcionando nos locais. Em um dos endereços funciona uma clínica médica. Em outros, há residências. Marcio dos Santos foi um dos sete presos na quinta-feira passada liberados pela Justiça na sexta-feira à noite.

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