Os passos mais recentes da investigação policial sobre um crime de grande repercussão revelaram para Joinville o lado ainda mais precário de um local pouco conhecido da maioria dos joinvilenses.

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É nele que se concentram às buscas ao corpo do adolescente Israel de Melo Júnior, de 16 anos. Trata-se da região chamada de Juquiá na qual não deveria sequer haver acessos ao mangue. O local que era coberto de mata atlântica é considerado como de preservação permanente. Mas a ocupação irregular tomou conta do lugar de tal maneira e sem qualquer intervenção pública que há dezenas de cercas de arame e demarcações de loteamentos até dentro do rio.

O outro motivo pelo qual a população desconhece o lugar é exatamente por causa da segurança. É praticamente impossível transitar de carro pelas ruas estreitas de barro sem ser abordado.

– A gente desaconselha completamente entrar aqui sem identificação. Criminosos podem considerar que se trata de um grupo rival – diz o delegado Wanderson Alves, que liderou as buscas pelo corpo do adolescente nesta semana.

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Na área onde o rapaz foi morto, uma casa que serviu de cativeiro no começo de fevereiro já foi destruída. Ao lado dela, foi levantada outra onde moram um casal e quatro crianças.

A lei do silêncio impera entre os moradores. Mesmo quem nunca se envolveu com grupos criminosos ou disputas pelo tráfico de drogas tem medo de falar sobre o assunto. Durante os dois dias de buscas pelo corpo de Irsael, nenhum morador quis falar com a imprensa ou com os policiais.

Segundo o delegado, as pessoas inocentes e trabalhadoras que moram no Juquiá têm pagado um preço alto.

– Elas vivem com medo – diz o delegado.

O ônibus não entra mais no loteamento desde que um veículo foi incendiado, há dois anos. Há duas ruas asfaltadas e uma praça que foi construída logo no começo do loteamento, há seis anos.

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A maioria das casas tem abastecimento de água e luz irregulares, os populares “gatos”. Não há qualquer sistema de saneamento e todo o esgoto vai direto para o mangue ou fica retido nas valas entre as casas e a rua. Em 2013, depois de receber uma série de notificações da Fundema, a pedido do Ministério Público, os moradores fizeram um protesto exigindo melhorias e, principalmente, a regularização dos terrenos. Algumas áreas chegaram a ser regularizadas, mas a invasão cresceu em direção ao rio e há centenas de casas irregulares.

O local onde a polícia concentrou as buscas pelo corpo de Israel é um dos mais graves. As casas ficam dentro do mangue, construídas precariamente sobre cubos de concreto que permitem que a maré suba sem invadir os imóveis. Há pelo menos 20 imóveis novos.