Fotos incluídas no inquérito que deu origem para a Operação Alcatraz mostram encontros para distribuição de propina, segundo a Polícia Federal. Os suspeitos envolvidos são o ex-secretário-adjunto da Administração, Nelson Nappi Júnior e o empresário ligado às empresas Integra e Intuitiva, que venciam licitações e mantinham contratos com a secretaria, Maurício Rosa Barbosa. Segundo a PF, as empresas teriam favorecimentos nas concorrências. Ambos estão presos.
Continua depois da publicidade
O inquérito traz imagens de quatro vezes em que o empresário Maurício Rosa Barbosa teria ido até o prédio em que mora Nelson Nappi, no bairro Estreito, em Florianópolis. O primeiro encontro está descrito na decisão da juíza federal que permitiu as 11 prisões e ocorreu em 28 de março de 2018. Pelas fotos, Barbosa chega ao prédio, e Nappi desce de elevador para encontrá-lo na garagem, segundo a PF tendo em mãos um chaveiro e um celular. Dez minutos depois, Nappi sobe de elevador carregando duas sacolas.
Esses encontros, segundo a PF, teriam fortes indícios de se tratarem da forma com que seria feito pagamento de propina, com destinação final a agentes públicos. No inquérito da PF, há imagens de encontros semelhantes no prédio de Nappi também nos três meses seguintes. Em 25 de abril, cinco dias após a empresa de Barbosa receber R$ 994 mil referentes a dois contratos com a Secretaria de Administração, novo encontro ocorre. Dessa vez, segundo a PF, Nappi voltava da academia pela manhã e aguardou Maurício na garagem. Após cerca de 20 minutos, Nappi subiu ao apartamento novamente com uma sacola em mãos.
No mês seguinte, a Intuitiva, empresa de Barbosa, recebeu sete pagamentos, com um total de R$ 634 mil, relativos a dois contratos com a SEA. Dois dias depois, em 23 de maio, Maurício sobe até o apartamento de Nappi. As imagens detalhadas no inquérito pela PF mostram que o empresário carrega uma pasta executiva e uma sacola em uma das mãos. Dezenove minutos depois, Barbosa deixa o apartamento e desce pelo elevador sem a sacola, segundo a PF “supostamente, com dinheiro oriundo de corrupção”.
No mês em que a empresa de Barbosa recebeu R$ 2,1 milhões referentes a dois contratos com a secretaria houve novo encontro de Barbosa e Nappi, no prédio do ex-secretário-adjunto. Segundo fotos da PF, Nappi desce o elevador até a garagem com celular, uma folha de papel e uma chave em mãos. Retorna após o encontro com o empresário com uma sacola. Novo encontro ocorreu dias depois, em que Nappi teria guardado uma sacola em seu automóvel.
Continua depois da publicidade
Contrapontos
Nelson Nappi
Na sexta-feira, a reportagem entrou em contato com os dois advogados que representam Nappi e nenhum deles retornou as ligações para comentar a investigação da Polícia Federal na Operação Alcatraz.
Maurício Rosa Barbosa
Por nota oficial, o advogado de defesa Claudio Gastão da Rosa Filho disse: “Não vou me manifestar sobre o conteúdo de conversas que, por força de lei, tem sua divulgação vedada”.
Leia também:
Desembargador nega habeas corpus para casal preso na operação Alcatraz