Com leitos no limite máximo de ocupação e aumento no número de casos, o inverno pode agravar a situação da pandemia em Santa Catarina. É o que diz o novo boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (17).

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O documento aponta que o quadro da pandemia continua crítico em todo o país, mesmo com o avanço da vacinação. Entre as semanas epidemiológicas 22 e 23, que corresponde ao período de 30 de maio a 12 de junho, o Brasil registrou um pequeno crescimento nas taxas de incidência (casos novos) e mortalidade e, por isso, o alerta para a possibilidade de agravamento nas próximas semanas.

Junto com outros sete estados, Santa Catarina apresentou uma das maiores taxas de incidência de Covid-19 no período – 37%. Ao todo, 41.095 casos foram confirmados, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

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O Estado que apresentou a maior taxa foi o Mato Grosso do Sul, com 45,1%. Ainda integram a lista Roraima (37,6%), Tocantins (42,7%), Paraíba (48,4%), Sergipe (55,5%), Rio Grande do Sul (37,6%) e Mato Grosso do Sul (64,2%).

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Apesar de SC aparecer com uma taxa de 0,8% em relação à mortalidade, o observatório alerta que a alta incidência pode representar, nas próximas semanas, uma maior taxa de mortalidade e demanda por cuidados intensivos de doentes graves.

Leitos continuam no vermelho

Um quesito que continua preocupando é a ocupação dos leitos de UTI. Ao lado de Pernambuco, Sergipe e Paraná, o Estado permanece há semanas com taxas acima dos 90%, segundo a Fiocruz. Além disso, Florianópolis, com 85% de ocupação, está entre as sete capitais com taxas superiores a 80% e inferiores a 90%. 

Mapa mostra a taxa de ocupação dos leitos de UTI no Brasil
Mapa mostra a taxa de ocupação dos leitos de UTI no Brasil (Foto: Fiocruz)

Segundo os pesquisadores, se levar em conta o parâmetro geral no país, o sistema de saúde ainda apresenta uma grande sobrecarga para o cuidado de alta complexidade à Covid-19 e, por isso, há o risco de não ter capacidade suficiente caso haja um novo aumento na demanda.

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A última atualização do Painel de Leitos SUS, da SES, feita na manhã desta sexta-feira (18), mostra uma taxa de ocupação de 94,36%, com apenas 103 disponíveis. O número aumenta se considerar apenas os destinados ao tratamento da Covid-19: 92,23%, com a situação mais crítica no Sul (100%) e Oeste (99,36%).

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Enquanto idosos se recuperam, jovens são as principais vítimas

O boletim também apontou pela primeira vez que a idade média de casos e internações no Brasil esteve abaixo dos 60 anos. Ou seja, entre os dias 30 de maio e 5 de junho, mais da metade dos casos internados e óbitos que ocorrem no Brasil não são idosos, mas sim adultos (20 a 59 anos), o que indica um rejuvenescimento da pandemia. A média é de 52,5 anos nos internados e 59 anos nos óbitos.

Além disso, caiu drasticamente o número de idosos internados e que morreram durante o período: 63,1% no começo do ano para 28,4% e de 81,4% para 49,7%, respectivamente.

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Todo esse ‘rejuvesnescimento’ no perfil das vítimas e infectados é um cenário que preocupa, segundo a Fiocruz.

“O que virá, com a manutenção deste quadro, será verdadeiramente uma onda: de incapacidade e condições crônicas para brasileiros jovens, que perderão em qualidade de vida e capacidade produtiva, caso a gestão da pandemia persistir como um experimento natural, sem intervenção efetiva, e sem um plano que anteveja problemas de longo prazo”, analisa o documento.

A Fiocruz alerta, ainda, que essa mudança pode impactar em um cenário com maior número de mortes até que o grupo seja imunizado. Em Santa Catarina, por exemplo, a expectativa é que todos os adultos recebam a primeira dose da vacina até outubro.

Por isso, nesse período, os pesquisadores reforçam a importância do uso de máscaras, medidas de distanciamento social, higienização das mãos, além de regras mais restritivas, como o lockdown, para evitar a disseminação do vírus. Por fim, o observatório reforça que ainda não é seguro não tornar mais obrigatório o uso de máscaras, devido à alta taxa de transmissão.

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Secretário alega que vai intensificar os cuidados 

Sobre o possível agravamento da pandemia, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirma que a situação já vem sendo acompanhada há cerca de três semanas pela pasta, principalmente pela associação com as doenças de inverno. Por isso, uma série de ações estão sendo tomadas para tentar frear o contágio. 

— Estamos conversando com as unidades para ofertar mais serviços, mantivemos os decretos, além de orientar as regiões mais críticas a endurecerem as medidas. Além disso, estamos adquirindo mais testes e trabalhando firmemente com a atenção primária para se ter o diagnóstico o mais rápido possível — salienta. 

Ribeiro diz, ainda, que a SES também trabalha para reforçar as orientações de prevenção do vírus. 

— A pandemia está entre nós e a ideia é que a gente faça um grande movimento de fiscalização e vigilância para evitar a circulação do vírus. É um situação complexa. Apesar das dificuldades de insumos e do kit intubação, estamos nos organizando para passar por isso — finaliza. 

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