Pouco se sabia de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, fora da figura pública de artista dono de um humor peculiar e bordões que continuam, mesmo após 20 anos de sua morte, nas rodas de conversas, memes na internet e até em produtos, como o mais recente, a cerveja Biritis, criada no ano passado por um dos filhos do Trapalhão. Integrante de um grupo que marcou história na TV e no cinema brasileiro, portanto, superexposto, Mussum ainda gerou surpresas para o jornalista Juliano Barreto, autor da primeira biografia sobre o humorista. Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões estará nas livrarias a partir do dia 7 de julho.

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Fã de Os Trapalhões desde a infância, Barreto acompanhou as reprises dos episódios veiculadas nos anos 90 e, na internet, revê as cenas preferidas. Mas foi a vida do ídolo fora dos programas que surpreendeu o jornalista. A face de músico, conhecida apenas por poucas gravações como o samba O Assassinato do Camarão, se revelou ampla, em gravações de Vinicius de Moraes, Jorge Ben, Chico Buarque, Erasmo e Roberto Carlos, e parcerias improváveis com Adoniran Barbosa a Zeca Pagodinho, de Baden Powell a Wando, de Elis Regina a Xuxa.

Foram três anos de produção para a biografia. Entrevistas com amigos de infância, companheiros de Mangueira, familiares, ex-mulheres e os parceiros Renato Aragão e Dedé Santana ajudaram Barreto a conhecer o homem simples por trás da figura caricata.

– A entrevista com o Dedé é comovente. Eles tinham uma amizade muito forte, moravam no mesmo condomínio – conta o autor.

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Para além do talento e carisma de Mussum, Barreto também conheceu muitos de seus defeitos: a fase mulherengo e a falta de noção em relação às oportunidades fizeram com que ele chegasse a negar o primeiro convite para participar de Os Trapalhões.

– Registrei histórias de bebedeiras inacreditáveis, ouvi relatos de suas ex-mulheres, conheci detalhes de disputas profissionais com colegas e funcionários, mas mesmo assim, ninguém conseguiu encontrar palavras amargas para descrevê-lo.

Mussum morreu em julho de 1994 duas semanas após um transplante de coração. Deixou 27 filmes com Os Trapalhões, além de mais de vinte anos de participações na TV e 15 discos de samba.

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Serviço

Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões, de Juliano Barreto. Editora Leya, 432 páginas, R$ 49,90.