O publicitário Walter Longo é plugado em novas tecnologias contemporâneas e mostrou essa faceta em palestra, na Univille, na última quarta-feira em evento do curso de publicidade da instituição.
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Ele argumenta que vivemos a terceira revolução de costumes da história, a partir da internet. E avisa que é preciso que empresas e pessoas mergulhem fundo no mundo digital para serem e se mantere competitivas e relevantes em um ambiente de explosivas transformações.
Com mais de 40 anos de vida profissional, atuou na área de vendas, passou para o segmento de marketing e se tornou empresário. Promoveu megaeventos musicais, esportivos e culturais no Brasil, Argentina e Estados Unidos.Também foi executivo das agências MPM e Young&Rubicam.
Presidiu a Wunderman Brasil e, em pouco tempo, tornou-se um dos maiores especialistas do País em comunicação dirigida e database marketing.
Nos anos 90, assumiu a presidência da TVA, empresa de TV por assinatura do grupo Abril. Dirigiu o grupo Newcomm (holding formada pela associação de Roberto Justus e o Grupo WPP) como mentor de estratégia e inovação, onde permanece até hoje. É também presidente da Grey Brasil.
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É autor de livros como Tudo que Você Queria Saber Sobre Propaganda e Ninguém Teve Paciência de Explicar, da editora Atlas, e O Marketing na Era do NEXO, da BestSeller.
COMO AJUDAR
– Há mais opções de produtos. Estamos cada vez mais no chamado autosserviço e a propaganda se tornou minimalista. Uma foto, uma frase curta e só. Não explica o que é, e nem para que serve o produto divulgado. As empresas têm de ajudar o cliente na decisão de compra. Só que elas também não sabem como fazer isto.
CONSELHEIRO
– O Facebook passou a ser usado como uma espécie de instrumento de aconselhamento. Isso acontece por miopia da indústria. Exemplifico: embalagem, ponto de venda e nem o site das companhias são didáticos.
CLIENTE sem RAZÃO
– A inteligência tem de ser exercida em rede. As relações no varejo mudaram. O consumidor é mais apressado, mais inseguro e mais informado. Por isso, as empresas precisam ter missão consultiva e orientar os potenciais clientes. Ele não sabe mais o que quer, já não tem mais sempre razão. Mudou este paradigma. Acabou esta fase.
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REVISAR MÍDIAS
– Os veículos de comunicação terão de revisar seus paradigmas. O jornal tem de alterar fundamentos de relevância. Tem de pensar e explicar porque um fato aconteceu, e não apenas contar o que já foi visto na internet no dia anterior. É preciso interpretar. Na televisão, os programas ao vivo (como futebol e shows) sempre terão audiência. Ver filmes na TV já não faz sentido. Podem ver quando querem no computador. As pessoas não querem ficar presos a horários pré-estabelecidos.
ALMA DIGITAL
– Definir com clareza o modelo de negócio é mais importante do que a forma de fazer propaganda. E mais importante do que ter armas digitais, é a empresa ter a “alma digital”. Que é a capacidade de aproveitar o conhecimento disponível na rede para a gestão da organização. Chegou a hora dos sistemas colaborativos, do trabalho em rede. Importante são a terceirização, a quarteirização. Para garantir foco no principal.
LIÇÃO aos profissionais
– A alguém que entra no mercado publicitário digo: questione tudo o que você aprendeu. Revise seus conheci-mentos. Entenda que o mundo digital altera a essência dos negócios. E mergulhe, com entusiasmo, no universo digital. As ferramentas dele são efêmeras, mas ele veio para ficar.
TRANSMÍDIA
– O mundo digital multiplicou as possibilidades de compras e a internet complementa os efeitos originados na televisão. Pulverizaram-se as possibilidades. É o conceito de transmídia. Há uma inevitável interligação das mídias a tentar convencer o consumidor. É um trabalho desenvolvido em sistema. Isso pode ajudar ou atrapalhar a venda. Depende como é feito.
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TRÊS LEQUES DE VERBAS
– As verbas publicitárias vão se definir em três leques: a mídia paga (como TV, revista, jornal e outdoor); a própria (como na loja ou no caminhão da empresa) e a gratuita (aquela na qual falam da empresa, como no Facebook,por exemplo). As verbas vão para onde? Depende.
MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
– Estamos atravessando o terceiro período da história que é revolucionário. É um tempo em que as coisas que foram importantes já não servem mais, e as que estão chegando ainda não são compreendidas e nem vivenciadas em sua total extensão. Vivemos este hiato. Quem comprender esta etapa histórica sairá ganhando.
TRÊS MOMENTOS
– Anteriormente, experimentamos estes momentos de completa transmutação histórica só duas vezes. A primeira foi na passagem da Idade Média para a Renascença. Depois, na saída do mundo dos artesãos à chegada à Revolução Industrial. E, hoje, com o universo digital. Há dez anos, todas as pessosas têm acesso a todas as informações. Basta um clique.
O mundo nunca mais será igual. Há 500 anos, só o clero tinha informação e cultura. Há 300 anos, os nobres passaram a compartilhar das informações. Há cem anos, o ricos passaram, também, a ter acesso. Nestes cinco séculos “matamos” muitos Einstein, Mozart por falta de oportunidades. A nossa era mostra o fim dos privilégios no acesso à informação e ao conhecimento.
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SLOGAN INVERTIDO
– Sempre se disse que a propaganda é a alma do negócio. Não é mais. O negócio é a alma da propaganda. Significa que a agência tem de compreender que deve trabalhar para o “core” do negócio. É preciso revolucionar a abordagem e o relacionamento entre as partes.
AGÊNCIAS LOCAIS NÃO, GLOBAIS
– A maior preocupação das agências de propaganda locais é com a consolidação dos negócios. Não há mais agência local no mundo digital. O conceito regional não existe mais. É necessário se diferenciar. Ser especializado em algum setor. O nicho passa a ser temático. Assim, pode fazer campanhas para empresa do Piauí, tendo sede em Joinville. Para isso, é necessário entender o que e como quer o cliente.