Após as grandes manifestações que tomaram as ruas do país no mês de junho, o feriado de 7 de Setembro parece ter surgido como um grande catalisador das insatisfações populares. Parte dos protestos estão sendo convocados pelo grupo de ativismo hacker Anonymous em 172 cidades. A página do evento, que os manifestantes chamam de “maior protesto da história do Brasil” e “Operação Sete de Setembro”, havia distribuído até ontem 5,1 milhões de convites em todo o país, com 408 mil confirmações.
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Em Santa Catarina os eventos estão agendados em 16 cidades. Desfiles cívicos terão que dividir espaço com as marchas civis. Da maior, em Florianópolis, com 3,3 mil confirmados, à menor, com apenas três, em Arroio do Silva, Sul do Estado.
A convocação também está sendo feita há mais de um mês, mas apenas pelas redes sociais. Foi fixada uma pauta com seis itens, escolhidos em uma votação on-line por mais de 26 mil pessoas.
– É realmente uma pena que dessa vez não parece estar chegando tão rápido à população. Porque percebi durante essa semana que, em relação aos outros protestos, esse está sendo o de menor repercussão por aqui – disse a estudante Isadora Costa, de 18 anos.
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Ela faz um curso técnico de Meteorologia no IFSC e não participou das primeiras manifestações em junho. Disse que não pôde ir porque estava trabalhando. Mas agora confirmou presença. Isadora tentou resumir o que deve levar as pessoas novamente às ruas, algo que estaria mais em sentimentos do que em ações pontuais.
– Não é só um motivinho aqui ou ali, é tudo. Porque se tivéssemos ao menos algo público do qual nos orgulhar, a carga não seria tão grande. Mas não, é tanto a Saúde, a Educação e o transporte que nos envergonham.
O doutor em Ciência Política e professor da UFSC Waldir Rampinelli explica que patriotismo seria a luta pela defesa do interesse da pátria e a busca pelas mudanças que as pessoas pedem e precisam em melhorias dos serviços públicos ou até na eficiência do gasto público, ao evitar desperdícios, também representam patriotismo.
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– Em junho se destapou a panela: grandes manifestações, de 300 mil pessoas. Obviamente que não vão se repetir mais aquelas grandes nessa conjuntura. Mas o importante é que a sociedade se organize de várias maneiras e todos passem a reivindicar aquilo que tem que ser mudado. O povo está dizendo o seguinte: falta muita coisa.
Para o professor, manifestar e cobrar mais investimentos na Saúde ou na Educação do Poder Público, por exemplo, é a melhor forma de expressar esse patriotismo. Pode ser ir à rua com o seu cartaz e a sua busca de uma melhoria, mas também é possível agir ao se envolver mais no processo político, ao participar de audiências públicas ou acompanhar as sessões parlamentares da Assembleia e da Câmara para fiscalizar. Agindo assim, as pessoas demostrariam seu patriotismo ao buscar melhorar as condições de vida de seus compatriotas.