As perícias confirmaram o que as interceptações telefônicas sugeriam: há advogados trabalhando em favor do Primeiro Grupo Catarinense. A devassa nos computadores mostrou um e-mail de Gustavo Gasparino Becker fazendo relatos de uma reunião da facção para Simone Vissotto, que foi estagiária do escritório dele até se formar.
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A espécie de ata do encontro é uma das provas usadas pela Polícia Civil para pedir a prisão preventiva da dupla. A advogada foi envolvida mesmo tomando uma série de cuidados ao falar ao telefone para não caracterizar que estava atendendo interesses da organização criminosa. Gustavo seria encarregado de fazer o trânsito de informações entre as cadeias de Tijucas, Itajaí, Blumenau e Joinville.
João de Souza Barros Filho também está no grupo dos que tiveram a prisão preventiva solicitada pela Polícia Civil. Pesam contra ele indícios de participação em reuniões do PGC e repasse informações. O advogado defendia Rudinei Ribeiro do Prado, fundador da facção.
Destino diferente tiveram Francine Bruggemann e Fernanda Fleck Freitas, que foram indiciadas, mas não tiveram o pedido de prisão renovado. Francine teve o alvará de soltura expedido pela Justiça de Blumenau na sexta-feira e poderá responder em liberdade. Fernanda permanece detida porque é ré no processo que apura o assassinato da agente penitenciária Deise Alves.
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Ainda há outros dois advogados investigados por envolvimento com a facção: um que atuava em Tijucas e chegou a ficar preso temporariamente em 2011 e uma advogada que atua no Sul do Estado. Ambos estão em liberdade e negam crimes. Um deles era defensor do fundador do PGC, Nelson de Lima, o Setenta, e apareceu em grampos da Deic mantendo contatos com o preso (leia transcrição de parte do diálogo).
::Diálogo entre o preso Nelson de Lima, o Setenta, e o seu advogado:
Advogado: Oi
Setenta: Ô amigo.
Advogado: Firmeza?
Setenta: Ô vai duzentos real aí pra vc ai, amanha eu mando a mensagem pra você.
Advogado: Ta.
Setenta: Nos vai precisar da ajuda do Léo lá, entendeu? E do Rodrigo lá em cima, lá da pedra lá, entendeu?
Advogado: Tem que chegar nele?
Setenta: É, daí eu já vou mandar por mensagem o negócio, dai o senhor vai entender ai, a noite eu já mando.
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Advogado: Ta, ai eu vou lá pra SPA?
Setenta: Ai eu vou mandar o horário que vai sair aqui por mensagem, entendeu!! Ai o senhor fica nessa contensão pra falar os menino meu lá, os que tem dinheiro mesmo, entendeu?
Advogado: Tá, é pra chegar em SPA lá?
Setenta: Não, não!… eu não quer que envolva nada ainda, tem que chegar aí na Capital mesmo, entendeu?