O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.

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POR QUE AS PESQUISAS SÃO NECESSÁRIAS

A cada eleição e especialmente em pleitos acirrados como a atual disputa presidencial, as manifestações pela proibição de pesquisas eleitorais voltam com força. Sob alegações como a de que os levantamentos são manipulados, influem na vontade do eleitor e têm pouca confiabilidade, há quem chegue a defender até o veto à divulgação dos resultados. Uma iniciativa desse tipo, porém, seria atentatória ao direito de informação, e o veto poderia gerar uma deformação ainda maior, que seria o uso desregrado desse instrumento de convencimento. Pesquisas são importantes como informação e como retrato momentâneo das intenções de voto do eleitorado.

Por isso, devem ser consideradas na sua real dimensão. Não podem ser vistas como sentença definitiva, até mesmo porque o eleitor dispõe de garantias democráticas e de livre-arbítrio para mudar o seu voto até o momento de apertar a tecla de confirmação.

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Por uma série de razões, as pesquisas de opinião pública foram amplamente contestadas ao final do primeiro turno. A principal delas é que os resultados oficiais mostraram-se distintos, em muitos casos, dos percentuais divulgados por institutos de opinião pública devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não raramente, a discrepância ocorreu muito acima da chamada margem de erro, que já é ampla. A razão mais alegada – um maior grau de indefinição dos eleitores, que levou mais gente a definir seu voto ou mesmo a alterá-lo quase em frente à urna – não foi considerada consistente pela maioria dos eleitores.

O fato concreto é que pesquisas eleitorais erram e acertam, mas é improvável que institutos de opinião ousem colocar sua credibilidade em risco com manipulações e que se possa vetar sua divulgação. Privados de pesquisas, num confronto acirrado como o da eleição presidencial, os eleitores enfrentariam a campanha eleitoral como se estivessem no escuro, sem qualquer indicativo sobre as chances dos candidatos.

Por isso, como os levantamentos continuariam sendo feitos em alguns meios, dando margem a boatarias nas redes sociais, o melhor é preservar a forma democrática como os resultados são divulgados hoje. Eventuais excessos precisam ser assumidos pelos responsáveis, que dependem de credibilidade para seguir atuando nessa área.