O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até as 19h de sexta-feira serão selecionados para publicação na edição impressa. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.

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A MÁFIA DAS CADEIAS

A sociedade catarinense ainda mantém bem vivos na memória os atentados terroristas que, ordenados por lideranças da organização criminosa conhecida como Primeiro Comando Catarinense (PGC), tendo Florianópolis como epicentro, logo a seguir estenderam-se por outras cidades do Estado.

As ordens para esses atos insanos partiam do interior do sistema carcerário, dominado pelo crime organizado, e executadas extramuros principalmente por ex-detentos como “pagamento” de proteção e favores recebidos durante o cumprimento de suas penas, e sob ameaça de retaliação às suas famílias, em casos de desobediência. Menores inimputáveis também integravam esta sinistra e repugnante legião.

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Como pano de fundo deste cenário de horror, o tráfico de drogas e seus fartos recursos para financiar a ciranda da violência que transformou a cidadania em refém.

A primeira série de atentados ocorreu em novembro do ano passado, com o assassinato, a tiros, da agente penitenciária Deise Pereira Alves como represália ao então diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Antônio Alves, com quem ela era casada. Foi o estopim para a explosão da violência: assassinatos com características de execuções, atentados a viaturas e instalações tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, incêndios de ônibus dos sistemas de transportes coletivos de diversas cidades e por aí afora. Após um período de relativa calmaria, uma nova série de atentados ocorreu. Isto levou o governo estadual a aceitar, enfim, a ajuda de integrantes da Força Nacional de Segurança para atuar na repressão à altura da audácia dos criminosos.

Nesta sexta-feira, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) concluiu, para envio à Justiça, seu inquérito sobre a máfia das cadeias, que indiciará mais de 100 pessoas pelos ataques. No mesmo dia, começamos a publicação de uma série de reportagens especiais cujo objetivo é “clarear” de vez as circunstâncias e motivações desses episódios orquestrados por organizações criminosas enquistadas no sistema prisional. Revelações espantosas vieram à tona.

As reportagens que expõem as entranhas dessas organizações são o resultado de entrevistas com dezenas de fontes do aparato carcerário e de minuciosa análise de milhares de documentos (transcrições de ligações telefônicas interceptadas, cartas e documentos apreendidos, decisões judiciais e processos). Um esforçado trabalho jornalístico, com marca da exclusividade, que revelará para a sociedade catarinense informações inéditas sobre os episódios que a aterrorizaram e exporá os delinquentes que os planejaram e comandaram.

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Organizado há 10 anos por detentos de alta periculosidade, o PGC transformou-se em uma máquina sanguinária., cujo completo desmantelamento é questão de ordem pública. A transferência de 40 dos seus principais mentores para presídios federais de segurança máxima em outros estados, onde cumpririam Regime Disciplinar Diferenciado, o neutralizou? Não. A ameaça continua latente, como nossa reportagem comprova.

Novas e severas medidas ainda são necessárias para o desmanche da máfia das cadeias. A sociedade ofendida assim o exige.

Como encerrar de vez este capítulo da história no qual os detentos agridem a sociedade de dentro das cadeias?

Para que possamos avaliar seu comentário sobre este editorial, com vistas à publicação na edição impressa do Diário Catarinense, informe seu nome completo e sua cidade.

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