O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.
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OBRIGATÓRIO, MAS CONSCIENTE
A uma semana do momento em que se manifestarão nas urnas, os mais de 142,8 milhões de eleitores brasileiros devem aproveitar o tempo restante para se informar ao máximo sobre seus candidatos. Este é o momento de reunir argumentos convincentes para o voto, que continua sendo o principal instrumento de consolidação e fortalecimento da democracia. Ganha ênfase nestes dias, portanto, a recomendação da campanha institucional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Conheça bem o seu candidato, pense antes de votar. Você é responsável pelos políticos que escolhe”. Quanto maior for o número de brasileiros determinados a agir assim, menor será a descrença na política. Em consequência, mais perto ficará o país de um avanço democrático que muitos cidadãos reivindicam nos períodos eleitorais: o voto facultativo.
É inegável a rejeição à política por parte expressiva da sociedade. Esta percepção se acentua quando o eleitor constata, como ocorre atualmente, que a campanha eleitoral distancia-se em muito da realidade. Partidos políticos e candidatos em geral, por exemplo, parecem ter esquecido rapidamente da pauta definida nas manifestações de rua de junho do ano passado. Particularmente no caso da disputa presidencial, observa-se muito mais uma temática de desconstrução de adversários, definida por marqueteiros, do que assuntos ligados ao cotidiano dos brasileiros. E nem sempre aquilo que satisfaz a ambição mais imediata dos candidatos – pontuação nas pesquisas eleitorais – coincide com as aspirações dos cidadãos. Em consequência, os eleitores acabam se sentindo cada vez mais desmotivados pelo processo eleitoral, contribuindo, assim, para um descrédito ainda maior na política de maneira geral.
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Se o voto não fosse obrigatório, a abstenção certamente seria grande. Mas, por paradoxal que pareça, é exatamente o comprometimento do eleitor que poderá levar a democracia brasileira a evoluir para o voto facultativo. Se tal ocorresse agora, em meio ao desencanto com a política, tenderiam a se beneficiar os partidos com maior militância e os candidatos pouco éticos, que não hesitam em cooptar eleitores e até mesmo em financiar um eleitorado cativo.
O voto facultativo precisa constar como um dos objetivos da agenda política brasileira, transformando-se numa conquista que já é comum em muitas democracias. Porém, para chegar lá, os brasileiros precisam eleger representantes qualificados e comprometidos com uma ampla reforma política, que leve à almejada reorganização partidária e a processos eleitorais transparentes. Daí a necessidade de que os eleitores aproveitem as facilidades existentes hoje para obter o máximo de informação sobre seus candidatos, antes e depois de digitar seu voto.