Diario.com.br adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até esta sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa. Ao deixar seu comentário, informe nome e cidade.

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Editorial comenta os atos de rua como expressões da cidadania, desde que não ultrapassem os limites da defesa de ideias.

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O DIREITO E O RESPEITO

Duas grandes manifestações populares estão programadas para os próximos dias no país. Para este domingo, partidos de oposição e organizações da sociedade civil prometem uma megademonstração de repúdio ao governo Dilma Rousseff, respaldada pela baixa popularidade da presidente, pela crise econômica e pelas investigações da corrupção na Petrobras. Para o dia 20, próxima quinta-feira, movimentos sociais aglutinados em torno de CUT, UNE, MST, Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, entre outras entidades, pretendem protestar contra o ajuste fiscal, mas apoiar a presidente. Ambas as manifestações podem ser um exercício de democracia, se os seus organizadores e as autoridades cuidarem para que não descambem para a violência.

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As passeatas previstas para domingo dão sequência a uma série de protestos iniciados no inverno de 2013, quando multidões saíram às ruas motivadas por demandas variadas, como as deficiências e as tarifas do transporte coletivo e os gastos com a Copa. Em 2015, duas mobilizações, em março e abril, focaram em dois temas centrais – a corrupção e a incapacidade do governo de reagir à crise. Ficou evidente, em abril, o crescimento do descontentamento com o governo e a ampliação dos apelos pelo impeachment. A evolução do cenário econômico, político e social, nesses quatro meses, é de agravamento das tensões em todas as áreas, com a fragilização da base de apoio ao governo e a queda a níveis recordes da confiança na presidente da República.

Quem sair às ruas para defender posições críticas ou de apoio ao governo tem, como referência, as manifestações deste ano, quando o que prevaleceu foi o bom senso. É o que se espera mais vez, considerando-se que atos públicos são a expressão da normalidade democrática, desde que submetidos às leis e à ordem. Os dois atos, o deste domingo e o do próximo dia 20, devem corresponder à expectativa de que os brasileiros amadurecem, a cada evento, a compreensão de direitos e deveres, especialmente em momentos de insegurança e de incerteza, como o que o país vive hoje.

Espera-se que o quadro de confronto de posições, explicitado pelos organizadores das passeatas, fique restrito ao campo das ideias, com respeito mútuo pela pluralidade. O Brasil, e não só os que se envolverem diretamente nos atos, continuará aprendendo com as manifestações. O exercício pleno e permanente da cidadania é a melhor contribuição ao aperfeiçoamento da democracia e das instituições.