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O DEBATE DO ENEM

A complexidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maior prova escolar do país e segunda maior do mundo, que avalia cerca de 6 milhões de estudantes, explica a polêmica nacional em torno de irregularidades que surgem a cada edição. A bola da vez são as redações com erros grosseiros de português ou com desvio de foco, como nos casos dos estudantes que se valeram de receita culinária ou letra de hino de clube de futebol para preencher o número de linhas solicitado pelos examinadores. Mesmo fugindo do tema, os autores receberam nota satisfatória porque a orientação passada aos profissionais encarregados de avaliar as dissertações era para “não pegar pesado” na correção, como revelam professores contratados para o trabalho. Por isso, passaram com notas satisfatórias uma redação com receita de macarrão instantâneo e outra com letra do hino do Palmeiras, quando o tema solicitado era imigração.

Causa compreensível revolta esta deformação, principalmente por parte dos estudantes que se prepararam adequadamente e se esforçaram para escrever sobre o assunto solicitado. Também é estarrecedor para o cidadão constatar que verdadeiros absurdos são tolerados pelos organizadores de uma prova que define o futuro de milhões de jovens, uma vez que habilita para o ingresso no Ensino Superior. Ainda assim, é essencial considerar tais deformações no contexto de um avanço histórico do ensino brasileiro, que é a instituição de uma prova capaz de ser, ao mesmo tempo, parâmetro para o Ensino Médio e porta de entrada para a universidade. Não é pouca coisa. Só a perspectiva de eliminar gradativamente a tortura do vestibular já garante ao Enem um crédito de esperança.

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Cabe ao Ministério da Educação, como já fez em outras oportunidades, quando surgiram denúncias de vazamento de questões, esclarecer com agilidade e transparência as dúvidas sobre o episódio. Não se pode deixar que o Enem caia em descrédito exatamente no momento em que centenas de instituições do Ensino Superior passam a adotá-lo como única forma de acesso para jovens egressos do Ensino Médio.

O sensato é pensar que cada irregularidade constatada significa uma oportunidade para o aperfeiçoamento do sistema. Assim como o vazamento de questões resultou em punição para os responsáveis e reforço nos mecanismos de proteção e sigilo, também essas anomalias na correção das redações podem ser transformadas em ensinamentos para as futuras avaliações. Mas não dá para recuar. O Enem já está aprovado pelo país porque desafia estruturas desgastadas e torna mais justa e democrática a transição do Ensino Médio para a Universidade.

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