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O que mais concorre para a desaprovação presidencial é a calamitosa situação da economia, com inflação alta, queda da produção e desemprego crescente.

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POR UM BRASIL MAIS LIMPO

O julgamento do mensalão e o protagonismo da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal na Operação Lava-Jato, que já resultou na prisão e na condenação de corruptores e corrompidos, comprovam que o Brasil pode ser passado a limpo em matéria de ética e honestidade sem que se precise apelar para quebras institucionais, para governos de exceção ou para as Forças Armadas. Uma democracia se consolida exatamente assim, quando os desvios se tornam visíveis porque existe liberdade de expressão e quando a corrupção não é jogada para baixo do tapete, mas, sim, investigada e punida estritamente de acordo com a legislação e o Estado de direito.

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A indignação dos brasileiros com o governo ganhou dimensão a partir das revelações sobre o volumoso desvio de recursos da Petrobras pelo esquema criminoso formado por empreiteiras, servidores e políticos desonestos. Mas o que mais concorre para a desaprovação presidencial é a calamitosa situação da economia, com inflação alta, queda da produção e desemprego crescente, aliada à insuficiência do ajuste fiscal em andamento. Para piorar este cenário, o Brasil ainda corre o risco de perder o grau de investimento na avaliação das agências internacionais, o que afastaria investidores essenciais para a retomada do desenvolvimento.

Ainda assim – e mesmo com a complexidade do quadro político, em que os integrantes do Congresso suspeitos de envolvimento com a corrupção boicotam explicitamente as ações do governo -, as instituições democráticas parecem sólidas o suficiente para levar adiante a faxina ética comandada pela Justiça Federal. Suspeitos e simpatizantes dos investigados vêm tentando a desconstrução moral do juiz Sérgio Moro, que se inspira claramente na Operação Mãos Limpas promovida pela Justiça italiana na década de 1990. Acusam-no de excessos autoritários, de comprometimento com partidos de oposição e de insensibilidade social, especialmente por conta do desemprego nas áreas das empresas investigadas. Se realmente forem confirmados esses desvios, os tribunais superiores certamente farão as devidas correções.

O que é inegável é que o Brasil sairá mais limpo desse processo doloroso se os políticos, os servidores e os empresários responsáveis pela corrupção forem exemplarmente punidos.