O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.
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REAÇÕES PEDAGÓGICAS
Dois casos de racismo ocorridos nos últimos dias, e com repercussão mundial, são emblemáticos ao ensinar que a reação deve ser imediata e rigorosa no sentido de coibir qualquer manifestação preconceituosa -seja ela de qualquer ordem e tenha partido de quem quer que seja. Depois do vazamento de um diálogo em que pede para a namorada “não trazer negros para seus jogos”, o empresário Donald Sterling, 81 anos, dono do Los Angeles Clippers (EUA), foi banido para sempre da NBA, a liga americana de basquete, e multado em US$ 2,5 milhões.
Responsável por ter jogado uma banana em campo para o jogador brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, o torcedor foi logo identificado – David Campayo Lleo, 26 anos -, teve os ingressos para os outros jogos da temporada retidos e proibido permanentemente de frequentar o estádio do Villareal. Isso sem falar na ação criminal por racismo que vai responder nos tribunais espanhóis.
Não há outro caminho. Quando as instituições agem sem hesitação em episódios como os descritos acima, elas dão um recado pedagógico e claro à sociedade no sentido de que este tipo de comportamento não pode ser tolerado. A resposta rápida das instituições privadas e públicas envolvidas no esclarecimento dos atos de racismo ocorridos nos Estados Unidos e na Espanha é uma forma de tentar inibir e acabar de vez com iniciativas discriminatórias, sejam em função da cor da pele, da situação financeira, da orientação sexual etc. É relevante salientar que os responsáveis pelos dois casos que tiveram visibilidade mundial estejam em campos bem distintos da pirâmide social – um empresário americano que fez fortuna no setor imobiliário e um assalariado espanhol – e que ambos tenham sido rechaçados vigorosamente pela postura. A repulsa de internautas do mundo todo, que usaram as redes sociais para protestar de várias formas – inclusive com bom humor -, pode significar a auspiciosa mensagem de que o mundo está reagindo à altura contra insultos racistas.
Outro episódio recente e com destaque na mídia internacional envolveu o árbitro brasileiro Márcio Chagas da Silva, que largou o apito depois de ter sido vítima de racismo no término do jogo entre Esportivo e Veranópolis, no dia 5 de março. Após a partida, encontrou seu carro com bananas até no cano de descarga. O ato em si, repugnante, deixou o profissional indignado, mas a alegação do Esportivo de que ele estaria mentindo sobre o episódio é que agravou a situação. A ameaça de impunidade é que está na raiz da possibilidade de afastamento dele dos gramados. E é contra isso que a sociedade deve combater. Acerta o ex-jogador Adilson Heleno que, em entrevista à TVCOM, que o futebol está repleto de histórias de racismo e que, infelizmente, essa prática ainda vai demorar a ser expurgada. Mas nosso papel é não permitir trégua nessa luta.
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