O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.

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O PAPEL DAS BLITZE

A rigorosa Lei Seca que vigora no país há seis anos ainda não foi completamente assimilada pela população, afinal não são poucos os casos de motoristas embriagados flagrados pelas autoridades policiais. Apesar da falta de estatísticas precisas sobre o percentual de acidentes relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas, é inegável que os hábitos de muitos condutores ainda estão longe do ideal. É incontestável também que o número de mortes continua impressionante, uma carnificina nas estradas com tragédias familiares incomensuráveis – além de gigantescos prejuízos financeiros ao país. A relevância do assunto exige um permanente balanço dos resultados da legislação, uma avaliação sobre o comportamento do cidadão no trânsito e análise acurada a respeito das políticas públicas implantadas pelas prefeituras, governos estaduais e pelo Executivo federal.

Dentro desse contexto, é louvável a disposição do novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Valdemir Cabral, de intensificação das blitze para fazer com que a proibição de consumo de álcool seja cumprida pelos condutores em Santa Catarina. Por vários motivos. Por si só, a presença da polícia na rua já representa um inibidor importante aos motoristas que ainda cogitam desrespeitar a legislação. Além disso, há a possibilidade de responsabilização dos infratores, com as abordagens e a utilização dos bafômetros para aferir a dosagem alcoólica no organismo dos motoristas.

Mas o mais relevante no caso do anúncio feito pela PM é o caráter preventivo das operações policiais, que devem ser reforçadas daqui em diante. Faz sentido a lógica divulgada pelo comando da corporação de que o objetivo não é pegar ninguém no teste do bafômetro, mas sim evitar que as pessoas bebam antes de guiar ou estimular que peguem um táxi ou carona quando souberem antecipadamente que vão ingerir algo. Tanto que as blitze não serão tratadas com sigilo. Ao contrário, a orientação é de que as barreiras sejam anunciadas à população.

É uma forma acertada de contribuir para uma mudança de comportamento da população no trânsito, além de reforçar a sensação de segurança. Imprescindível que o aparato estatal esteja suficientemente preparado para punir quem burla a Lei Seca – e coloca em risco a própria vida e a de outros -, e que essa resposta seja rápida. Mas é ao mesmo tempo relevante a preocupação com a formação do cidadão que circula pelas vias públicas diariamente -seja iniciante ou veterano do volante.

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Significa apostar na cultura de preservação da vida e na disseminação de valores individuais positivos. No feriadão do último Réveillon, Santa Catarina ostentou o triste quarto lugar em número de acidentes fatais nas rodovias federais, com 24 mortes em 751 ocorrências. Ficou atrás apenas de Minas Gerais, Bahia e Paraná. O Estado precisa virar esse jogo e uma das formas é uma ação policial mais ostensiva nas ruas.