O Diário Catarinense adianta o editorial que publicará na edição impressa para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. As participações serão selecionadas para publicação no jornal impresso. Ao deixar comentário, informe nome e cidade.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

O PODER PELO PODER

As discussões pré-eleitorais no país – e Santa Catarina não foge à regra, infelizmente – continuam privilegiando as conveniências políticas e partidárias, em detrimento de negociações baseadas em questões programáticas. Nos últimos meses, a intensificação dos debates para a definição das alianças vem mostrando ao eleitor que o velho jogo político, típico daquele comportamento tradicional tão constantemente criticado, está mais atual do que nunca. Seja em conversas de bastidores – reservadas e discretas -, em encontros furtivos longes dos holofotes da imprensa ou em manifestações escancaradas pelas páginas dos jornais, os caciques políticos reproduzem um modus operandi desgastado e que contribui para afastar ainda mais o cidadão do processo.

Com raríssimas exceções, é notório que o principal ingrediente a nortear a montagem das chapas e o fechamento das coligações nesse período que antecede a maratona das convenções é a busca pelo poder, ou a manutenção dele. Embora essa ambição seja legítima, não deve ser o primeiro e único propósito da política. Fica muito claro que as aproximações e distanciamentos eleitorais são ditados predominantemente por interesses específicos de personagens ou de grupos, e não por afinidades ou diferenças resultantes de conceitos de programas de governo. Não é uma discussão sobre formas de gestão ou prioridades de investimentos públicos que prevalece. Nessa fase de construção das nominatas e de concretização de apoios, as tratativas passam ao largo disso.

É uma inversão que desvirtua o processo. A sociedade espera que o ponto de partida das uniões eleitorais seja justamente um consenso sobre as políticas públicas e as propostas que serão defendidas posteriormente no horário eleitoral gratuito do rádio e da TV e nos demais eventos de campanha. Seria essencial, portanto, que as ideias para as mais diversas áreas – saúde, educação, segurança etc -, fossem colocadas na mesa antecipadamente e que elas, sim, se tornassem determinantes para a escolha das candidaturas que vão disputar os cargos em jogo. Na eleição deste ano, o leque passa pelas vagas de deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da República. A população, porém, não pode ficar a reboque de motivações menores e que não sejam de estrito interesse público.

Às vésperas de junho, mês das convenções partidárias que selarão os nomes, fica o apelo para que as lideranças pensem mais nos principais problemas que afetam o dia a dia dos eleitores – a quem vão pedir os votos de julho a outubro – e menos na busca cega pelo poder.

Continua depois da publicidade