Diario.com.br adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até esta sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa. Ao deixar seu comentário, informe nome e cidade.

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Paralisação de caminhoneiros e consequente desabastecimento de combustíveis reabrem a discussão sobre a importância de investimentos em ferrovias.

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A HORA DOS TRENS CHEGOU

A paralisação dos caminhoneiros em todo o país e, de forma mais intensa, em Santa Catarina, com graves consequências para o abastecimento de combustíveis e alimentos, suscita um antigo debate sobre a importância das ferrovias na distribuição de cargas. Significativa na época do Império, a malha ferroviária nacional hoje é de cerca de 30 mil quilômetros, 50 vezes menor do que a rodoviária. Alavanca econômica dos Estados Unidos e da Europa, as ferrovias foram nos anos 1800 o propulsor do desenvolvimento de países do Norte e hoje são elementos essenciais na logística e na composição de custos mais baixos de transporte – (gerando),como consequência, custo menor de produção.

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Há elementos de sobra para defender a ampliação da malha ferroviária brasileira e catarinense em busca do equilíbrio entre as formas de transporte: custos cerca de 50% mais baixos, riscos menores de perdas, mais confiabilidade no prazo de entrega, controle de localização de carga mais preciso, menor poluição e alívio do tráfego pesado nas rodovias são alguns deles.

Os principais argumentos contrários são o custo do investimento para se chegar ao nível ideal de 30% de cargas sendo transportadas por trem, uma vez que o quilômetro construído de uma ferrovia é sete vezes mais caro que o de uma estrada, e o longo tempo para a obras. Como hoje não cabe mais aos administradores públicos pensarem apenas no mandato que exercem, o governante tem o dever de olhar para o futuro.

Em Santa Catarina existe um exemplo clássico desta falta de visão. A Ferrovia do Frango – ou da Integração -, com custo estimado em R$ 6 bilhões, pretende hoje unir Dionísio Cerqueira, na fronteira com a Argentina, a Itajaí, no litoral. Assunto desde o início dos anos 1990, apenas em outubro do ano passado teve assinada a ordem de serviço para o estudo e o projeto. Se tudo ocorrer dentro do previsto, o início das obras ocorrerá somente em 2017, com previsão de sete anos para o fim dos trabalhos: 2023. Houvesse há 20 anos a determinação de construi-la, já estaria pronta – o Estado ainda tem outros dois eixos fundamentais que precisam urgentemente sair do papel: a Ferrovia Litoral, ligação entre os portos de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul, e a Ferrovia Norte-Sul, paralela à BR-116.

Com os três novos trechos, Santa Catarina, que tem hoje 1,4 mil quilômetros de trilhos, dobraria a capacidade de transporte por trens. A integração entre as redes ampliaria a possiblidade de diversificação de cargas – hoje transporta-se basicamente grãos e carvão -, viraria uma alternativa para contornar crises de abastecimento como a que estamos sofrendo e passaria a ser até um argumento de atração para novos investimentos no Estado.

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