Diario.com.br adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até esta sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa. Ao deixar seu comentário, informe nome e cidade.
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Exceção ao Vale do Itajaí, Santa Catarina ainda não desenvolveu mecanismos de alerta à população para que medidas preventivas sejam adotadas.
CULTURA DA PREVENÇÃO
Catástrofes naturais como as que atingiram as cidades de Xanxerê e Ponte Serrada no Oeste catarinense costumam gerar comoção, mobilização e solidariedade. São os efeitos imediatos mais perceptíveis causados pelo forte impacto de imagens, relatos de quem passou pelo episódio, além da memória dos catarinenses – memória essa que pode ser o ponto de partida para que se espalhe pelo Estado o que os moradores do Vale do Itajaí já desenvolveram: a cultura da prevenção.
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As enchentes frequentes fizeram com que as cidades que beiram o rio Itajaí-Açu adotassem um modelo de alerta. Veículos das defesas civis percorrendo bairros, sites emitindo avisos, programas de rádio informando em tempo real e até mensagens no celular são usados com mecanismos de prevenção. O resultado do trabalho já se mostrou eficaz a partir da redução de danos físicos e materiais e o entendimento de todos de que prevenir ainda é a melhor medida.
Tal condição deve ser compreendida pelo restante do Estado que, além ser castigado por alagamentos, ainda sofre com ventos acima do normal e secas, fatores que precisam ser considerados desde a construção de casas até a estruturação de equipes de alerta e resgate.
É claro que falta muito para Santa Catarina implantar em todo território um modelo ideal ou colocar à disposição de autoridades locais sistema similar ao do Vale. Mas está mais do que na hora de pesados investimentos nesta área. Os catarinenses cobram urgência na adoção das medidas.
Pode-se iniciar com a cobertura completa do Estado por radares meteorológicos, como o de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, este também necessitando de reparos há três meses. Embora não registrem fenômenos específicos como os que atingiram Xanxerê e Ponte Serrada, conseguem informações suficientes para emitir alertas sobre as condições de formação de tornados, o que já ajudaria.
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O próprio secretário da Defesa Civil, Milton Hobus, reconhece falhas e falta de planos de contingência para o restante de SC. Afirma que é preciso tempo para investimentos e treinamento de equipes. A declaração é a prova de que realmente SC não está com a cultura da prevenção incorporada em todo seu território. Afinal, não é de hoje que fenômenos climáticos atingem o Estado. O próprio furacão Catarina já ocorreu há mais de uma década. Em 2005, Criciúma registrou dois tornados em um mesmo dia. Em 2009 o fenômeno ocorreu em Guaraciaba, em 2012 em Ponte Alta e 2013 em São Joaquim.