diario.com.br adianta o editorial que os jornais da RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Participações enviadas até as 18h de sexta-feira serão selecionadas para publicação na edição impressa. Ao deixar seu comentário, informe nome e cidade.

Continua depois da publicidade

O RETRATO DA DESCONFIANÇA

É preocupante o diagnóstico dos sentimentos dos brasileiros em relação ao governo e às instituições, revelado por recente pesquisa CNT/MDA. À descrença com o Executivo, expressa pelos 70,9% que consideram o governo ruim ou péssimo, acrescenta-se agora a desconfiança com o final da Operação Lava-Jato. Ampla maioria de 67,1% não acredita na punição dos envolvidos em corrupção na Petrobras. O número é surpreendente, no contexto da reconhecida mobilização da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça para que o desfecho das investigações e dos processos seja o melhor possível. Mas esse não é um dado a ser apenas lamentado. O retrato da desesperança é um desafio às instituições, para que se revertam expectativas em desacordo com os esforços de todos os envolvidos no esclarecimento do caso em questão.

Pesquisas devem ser entendidas em seu contexto e ter seus resultados relativizados. Mas está claro, pela grandeza do percentual de desencantados, que a realidade é incômoda para um vasto contingente de brasileiros. Todas as instituições referidas _ e mais o Congresso _ estão diante da chance única de oferecer respostas, não às pesquisas, mas às pessoas nelas representadas. É compreensível que, na sucessão de desmandos envolvendo ex-executivos da estatal, empresários e políticos, a população exponha suas dúvidas em relação a eventuais condenações. O país reproduz uma percepção que não é nova e que se manifesta principalmente em momentos como este.

Dissemina-se a sensação de que as ações podem resultar em nada. E prosperam as teorias oportunistas, típicas dessas circunstâncias. Fazem parte desse contexto de desesperança, mesmo que em outra dimensão, as soluções fáceis, os julgamentos sumários e, em casos extremos, a brutalidade dos justiceiros. Parte da resposta a esse ambiente é oferecida pelos que têm o poder de sensibilizar e formar opinião, como o publicitário Nizan Guanaes. Um dos nomes mundiais da propaganda brasileira tem se dedicado, em artigos e palestras, a defender a viabilidade do Brasil como nação em que um dia se cumprirão as normas de convivência e as leis.

Continua depois da publicidade

Um país em que também os governos, os políticos e toda a sua estrutura institucional façam sua parte e a descrença dê lugar à convicção de que autoridades e população convergem para a prevalência dos interesses coletivos. As respostas ao retrato do pessimismo devem ser construídas sem vacilações. O momento é particularmente desafiador para a Justiça. A sociedade saberá dizer, não só em pesquisas, em que momento suas piores expectativas foram substituídas pela certeza de que as instituições funcionam na sua integralidade.

Para que possamos avaliar seu comentário sobre este editorial, com vistas à publicação na edição impressa do Diário Catarinense, informe seu nome completo e sua cidade.