A Cidadela Cultural Antarctica está passando por vistoria feita por uma equipe de profissionais da Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville. A ação acontece após a conclusão do laudo que determinou a causa do incêndio que ocorreu no prédio histórico em 19 de março.
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Agora, historiadores, arquitetos, conservadores e gestores estão trabalhando no local, sob supervisão da gerência de Patrimônio da secretaria. Entre as missões, estão a de compreender que materiais ainda eram guardados no pavilhão da antiga cervejaria — parte deles foi perdido durante o incêndio. No local havia documentos antigos da Antarctica e da antiga Conurb, atual Seprot, que funcionou no prédio.
Enquanto isso, a secretaria prepara outras duas frentes de ação. A primeira faz parte do planejamento de 2021 para o local, com limpeza e pintura dos prédios, e a retirada de um muro para integrá-lo ao Parque das Águas. A segunda é a continuidade dos projetos para restauro e reforma da antiga fábrica, que foi adquirida pela Prefeitura de Joinville há 20 anos para ser transformada em centro cultural. Um projeto de restauro foi contratado na última gestão, a R$ 3 milhões.
— Em janeiro, atualizamos o memorial descritivo. A partir disso podemos licitar a continuidade dos projetos executivos. Também esperamos pelo laudo estrutural feito pela Defesa Civil, para atualizá-lo, porque ainda não sabemos se alguma parede foi prejudicada pelo incêndio, por exemplo — afirma o secretário de cultura Guilherme Gassenferth.
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Ele acredita que, para conseguir despertar o interesse de uma parceria público-privada, é necessário que estes projetos estejam concluídos. Outra dúvida é sobre uma cláusula no contrato de compra do imóvel que não permitiria a retirada da marca “Antarctica” do nome do órgão, o que pode inviabilizar a negociação com a iniciativa privada. Esta será a próxima etapa a ser analisada, juridicamente, pela Prefeitura de Joinville.
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Parceria público-privada para reativar complexo
Para Guilherme, a parceria público-privada é a única solução para o resgate do antigo prédio e transformação em espaço cultural. Na estimativa feita em 2016, o investimento necessário era de R$ 20 milhões.
— A contratação dos projetos vem sendo feita com dinheiro da prefeitura, mas para execução destes trabalhos, intensificamos as conversas com o setor privado para viabilizar o projeto do complexo como um todo — afirma o secretário.
O prédio principal da Cidadela Antarctica abriga o galpão da Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), que foi reformado com recursos próprios e é usado desde 2001 para espetáculos, cursos e outros eventos culturais. Ao lado dele, há dois espaços que foram usados pelo Museu de Arte de Joinville, primeiro como espaço expositivo, depois como reserva técnica, mas atualmente estão desocupados.
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Em outro galpão, localizado no jardim do complexo, há dois espaços utilizados pela Associação de Artistas Plásticos de Joinville (Aaplaj). O pavilhão que pegou fogo chegou a ser usado como espaço expositivo no início dos anos 2000 e foi prometido para o Instituto Luiz Henrique Schwanke, que o transformaria em um museu de arte contemporânea.
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Museu de arte foi sonho para antigo pavilhão

A ideia era que os três andares do pavilhão acomodassem um auditório, uma biblioteca, salas para residência artística, um bistrô, acervo para as obras do artista Luiz Henrique Schwanke e um espaço expositivo. O custo inicial da obra era de R$ 30 milhões, orçados em 2006, que o instituto tentava buscar por meio da Lei Rouanet.
No entanto, no final de 2008, parte do morro localizado atrás da antiga fábrica desabou e interditou o pavilhão. Com o passar dos anos, a situação do prédio — que nunca foi resolvida e, suspeita-se, foi como alguém entrou no local e causou o incêndio em março de 2021 — e a crise econômica brasileira levou o instituto a desistir do museu no local e a devolver o direito de uso para a Prefeitura de Joinville, em 2016.