Uma nova descoberta pode mudar toda a forma como a História Clássica é estudada no mundo todo. Um estudante da Universidade de Nebraska nos Estados Unidos desenvolveu um algoritmo com Inteligência Artificial (IA) para ler um manuscrito romano que já foi considerado indecifrável. Saiba mais abaixo sobre a história desse manuscrito e como o grupo de estudos trabalhou para que a IA o lesse.
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O manuscrito de Herculano
Antes de explicar como a IA o decifrou, precisamos apresentar o documento em questão e a sua importância. De acordo com o jornal O Globo, essa é uma série de papiros romanos que foi carbonizada após a erupção do Monte Vesúvio, onde hoje é a Itália, no ano de 79 D.C. Desde então, historiadores e arqueólogos têm tentado ler o que está escrito no pergaminho.
Mas as tentativas nunca obtinham sucesso, pela fragilidade e o estado de decomposição que o documento se encontrava. Porém, como veremos mais à frente com detalhes, o trabalho de Luke Farritor da Universidade de Nebraska Lincoln e de Youssef Nader da Universidade de Berlim pode ter aberto um precedente para a História Antiga e também contemporânea.
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Como a IA decifrou o manuscrito?
Por sua fragilidade e para manter os sinais intactos, era necessário desenvolver uma maneira de desenrolar esse papiro sem tocar nele.
E foi justamente isso que o algoritmo criado por Farritor e Nader fez. Primeiramente, Luke Farritor utilizou as descobertas do professor Brent Seales da Universidade de Kentucky (UK) e de outros estudantes acerca do papiro para desenvolver um modelo de leitura de dados que conseguisse adentrar a camada carbonizada pela erupção e detectar as letras dentro do papel.
O modelo lembra uma espécie de Tomografia Computadorizada do documento e o estudante encontrou as frases tintura roxa ou roupa roxa em letras gregas.
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Em uma entrevista para o site da própria Universidade de Kentucky, Farritor ressaltou a importância da base deixada pelo professor e outros estudiosos. “A equipe do laboratório fez um grande trabalho para construir a base sólida que me permitiu desenrolar virtualmente os papiros. Eu usei o trabalho prévio para desenvolver o modelo de IA” afirmou o jovem de apenas 21 anos.
Pouco depois, Youssef Nader descobriu de forma independente a mesma frase, sem ter tido nenhum contato com o modelo de seu colega nos Estados Unidos.
Assim, o estudante de robótica da Universidade de Berlim deu mais um indício do sucesso do projeto.
O teste de especialistas no manuscrito
Todavia, ainda falta um último passo para que a Universidade de Kentucky pudesse dar um prêmio para os dois pesquisadores.
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A confirmação de quem se debruça sob o papiro há décadas. Por isso, a instituição chamou papiro lojistas dos países que têm o manuscrito sob posse: Inglaterra, França e Itália. Então, foi feita a checagem buscando certificar se o local da frase bate com algumas letras soltas que já foram comprovadas em outros estudos e o resultado foi positivo.
Federica Nicolardi, professora de papirologia da Universidade de Nápoles vê com bastante entusiasmo a novidade. “É muito empolgante ler frases inteiras, e não apenas letras separadas do pergaminho […] a tintura roxa era muito vendida na roma antiga, e era retirada de caramujos marinhos”. Afirmou a especialista para o portal da UK.
Luke e Nader ganharam respectivamente prêmios de 40 mil e 10 mil dólares.
Em suma, esse é um exemplo de como a Inteligência Artificial vai mudar não só o nosso futuro, mas também a forma como nos relacionamos com o passado.
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