
O Ministério da Saúde (MS) fez um importante anúncio nesta última semana: oficialmente passa a utilizar a Inteligência Artificial (IA) para fazer a gestão da Saúde no país. O primeiro passo é o programa "Conecte SUS", em fase de testes no estado de Alagoas, que deve ser tornar um marco para a efetiva informatização e a modernização da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Com a ação, o MS cria a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), permitindo que usuários do SUS tenham perfis acessíveis por qualquer profissional de saúde. Dessa forma, todos os procedimentos e recursos utilizados estarão disponíveis na ficha médica do paciente, num banco online permanentemente atualizado, incluindo informações sobre vacinação, procedimentos cirúrgicos, exames, consultas regulares e medicamentos receitados.
A conquista é de grande importância para a Saúde em todo o país e representa um dos maiores avanços da rede pública de assistência médico-hospitalar no Brasil. Se bem utilizada, a tecnologia poderá auxiliar de maneira preponderante o atendimento de pelo menos 150 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do SUS.
Com o uso adequado de filtros possibilitados pela Inteligência Artificial, o Ministério da Saúde poderá agilizar o atendimento, diminuir filas e salvar vidas. Além disso, auxiliará na distribuição de recursos estaduais e municipais de forma mais inteligente, vai poder mensurar gastos, otimizar custos, evitar fraudes, gerenciar recursos (econômicos, humanos e físicos) e, com a visão macro sobre os padrões de atendimento, planejar ações e identificar prioridades.
Objetivamente, a médio e longo prazos, o sistema deixará de simplesmente “apagar incêndios” para tomar decisões baseadas em fatos.
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Na verdade, a partir de um banco de dados bem monitorado e fidedigno, as possibilidades são ilimitadas para a obtenção de novos benefícios a todas as partes envolvidas no processo da Saúde: Ministério, governos federal, estaduais e municipais, pacientes, médicos e profissionais da saúde, hospitais, postos de atendimento e a própria sociedade. Sem esquecer, por fim, que a coleta e a análise de dados, com o uso da IA, podem oportunizar a transparência essencial na gestão dos recursos orçados e aplicados no setor, atendendo anseio unânime da população.
O momento, portanto, é de reconhecer a grande iniciativa, que já era esperada há alguns anos e que parece estar se tornando realidade. Mais do que isso, representa a sustentabilidade do SUS, que é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde a Atenção Primária até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
Ademar José de Oliveira Paes Junior
Médico Radiologista
Presidente da ACM – Associação Catarinense de Medicina