Servidores da saúde ocuparam o gabinete do secretário de Saúde de Florianópolis, Carlos Alberto Justo da Silva, durante a manhã e parte da tarde desta quarta-feira. Eles reclamam que a prefeitura aumentou o número de plantões para trabalhadores das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Samu sem respeitar as negociações com o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem). Em nota, a prefeitura informa que “está corrigindo um erro histórico no cálculo do pagamento das escalas de plantões”.

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De acordo com o presidente do Sintrasem, Renê Munaro, houve um acordo feito entre categoria e prefeitura para que os trabalhadores fizessem 11 plantões por mês. No entanto, eles alegam que no começo da semana os servidores das UPAs receberam uma ordem para ajustar a escala mensal com 13 plantões:

— A partir do momento que a prefeitura aplica uma escala com mais plantões do que foi acordado, não confiamos mais na secretaria de Saúde. Por isso, vamos ficar aqui até o secretário de Saúde nos receber.

Os trabalhadores chegaram no gabinete da Saúde às 10h desta quarta-feira. Cerca de 50 servidores da Saúde aguardaram o secretário Carlos Alberto Justo da Silva, conhecido como Paraná. A enfermeira Selma Salomão, que há 25 anos é servidora da Saúde no município, estava no local. Ela conta que o aumento da carga de trabalho prejudica o atendimento.

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— Esse aumento de plantões é sem descanso e isso faz com que o atendimento possa ter erros na assistência ao paciente. Na temporada chegamos a atender 1 mil pessoas por dia na UPA Norte e eles ainda querem aumentar a carga de trabalho. Sofremos um estresse físico e mental.

O secretário de Saúde Carlos Alberto Justo da Silva se reuniu com os manifestantes durante a tarde de quarta-feira, mas não houve acordo. Em nota encaminhada ainda pela manhã, a Prefeitura de Florianópolis afirma que “está corrigindo um erro histórico no cálculo do pagamento das escalas de plantões feito aos médicos das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) do município. O projeto de regulamentação dos plantões é uma discussão antiga e finalmente tramita na Câmara de Vereadores. Com a aprovação dele, os médicos passarão a receber o valor de mercado para cumprimento da escala de plantões”.

Veja a carta aberta do Sintrasem:

Carta Aberta à população

Ataques do Prefeito e Secretário da Saúde nas UPAs E SAMU

Sem qualquer forma de diálogo, o Prefeito e o Secretário da Saúde estão tentando precarizar a assistência prestada à população pelo SUS, pouco se preocupando com as consequências que o não investimento nesses serviços trarão. Desde que começaram a “empurrar” uma crise econômica para justificar os ataques aos servidores públicos e aos serviços de atendimento à população, incluindo saúde e educação, temos denunciado vários problemas que as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) e o SAMU vêm passando.

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Sendo serviços de atendimento à saúde 24 horas, que atendem toda a população da Grande Florianópolis e entorno, incluindo os turistas, é de se esperar que tenha qualidade suficiente para cumprimento dessa missão, com materiais e estrutura adequados, trabalhadores descansados e dispostos para o atendimento de qualidade que a população merece. No entanto, nossos gestores parecem não entender dessa forma! Já há alguns anos que estamos sofrendo um sucateamento gradual destes serviços, bem como um ataque aos direitos trabalhistas.

Atualmente as UPA’s sofrem com a falta de reforma e manutenção dos equipamentos, falta de reposição de material em tempo hábil, problemas de atraso no recolhimento do lixo contaminado, aparelho de raio x quebrado há mais de 1 ano, falta de aparelhos de medir falta de ar (oxímetros), falta de lençóis e etc. No SAMU, a frota de ambulâncias está em estado crítico, apresentando também falta de materiais, insumos, dentre outros. Além de tudo isso ainda persiste com a falta de regulamentação dos plantões, ameaçando constantemente aumentar o número de plantões, sem adequar o salário e tempo para descanso. E nós sabemos os riscos de ter um profissional de saúde cansado para os momentos de socorro a quem mais necessita.

Em 2015 conseguimos avançar na discussão de propostas que atendiam os trabalhadores para a REGULAMENTAÇÃO DOS PLANTÕES, mas desde lá nenhum projeto de lei foi apresentado, apesar das inúmeras reuniões realizadas. E quando surge o boato de que, finalmente, um projeto de lei será enviado à Câmara de Vereadores para aprovação, constata-se o descumprimento de acordos estabelecidos anteriormente como, por exemplo, o aumento do número de plantões sem aumento de salário e o não pagamento de gratificação aos motoristas, técnicos administrativos e técnicos de Radiologia. Querem que os servidores trabalhem mais sem o salário adequado, exigindo jornadas exaustivas, baixando assim a qualidade no atendimento à população. Os trabalhadores juntos não permitirão mais este ataque!

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