Envolvidos durante meses numa força-tarefa, os integrantes da equipe que investigou e mapeou os acusados nas ondas de atentados em Santa Catarina prestam depoimento nesta quarta-feira, em Itajaí.
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É o segundo dia de audiências dentro do complexo penitenciário da Canhanduba, um bairro rural a cerca de dois quilômetros da BR-101, no litoral Norte.
O primeiro a ser ouvido em um pavilhão montado como tribunal dentro da prisão é o delegado Antônio Carlos Seixas Joca. Ele atuou no grupo que se concentrou na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, e que identificou pelo menos 100 membros da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Hoje, Joca não atua mais na Deic e está na 1a Delegacia da Capital
Depois dele serão ouvidos pela juíza e pelo promotor outras duas pessoas que participaram da força-tarefa – um investigador da Polícia Civil e um agente penitenciário que trabalha atualmente no setor de inteligência. A expectativa é que esses dois depoimentos comecem à noite. Na época dos atentados, o agente auxiliou a investigação a partir de informações do sistema prisional.
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Jornalistas continuam sem acesso ao complexo penitenciário por proibição da juíza que preside as audiências, Jussara Schitler dos Santos. A magistrada entra pela manhã e sai apenas à noite do local, escoltada por viaturas da Polícia Militar. Não há confirmação se testemunhas protegidas serão ouvidas nesta quarta.
Dentro do pavilhão, o julgamento conta com a presença de 55 detentos acompanhando os depoimentos. Os outros 22 líderes do PGC assistem por videoconferência – eles estão na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, desde fevereiro para onde foram transferidos justamente por ordenar os ataques. Há policiais militares no espaço fazendo a segurança e prontos para agir em caso de tumulto. Em outra parte, ficam os cerca de 50 advogados dos 98 réus. Fora da prisão, na estrada de acesso, a PM mantém barreira com policiais.
Tarde de liberdade
Na guarita da penitenciária – limite máximo que os jornalistas podem se aproximar – a tarde desta quarta-feira teve momentos de alegria e alívio para três detentos. Era a data em que estavam sendo soltos após cumprir a pena, com exceção de um deles que teve a saída temporária autorizada por sete dias.
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Numa rápida conversa com o DC, o homem, que cumpre pena por tráfico de drogas no regime semi-aberto, descreveu o ambiente na Canhanduba como de extrema tranquilidade.
– Aqui é assim. Não tem chefe e líder como falam a respeito de outras cadeias. Esse julgamento não muda nada, a não ser o policiamento que está aí – comentou se referindo à Cavalaria que circula pela prisão e os PMs que fazem a segurança dentro do julgamento.
O detento saiu embora a pé na estrada de chão batido, pois a carona que esperava não apareceu. Os outros dois foram embora com um advogado e familiares. Antes, trocaram telefones rapidamente para se comunicarem, agora longe das grades.
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