Buscar soluções para integrar os modais, especialmente a bicicleta e o ônibus, investir na ampliação dos corredores de ônibus e nas ciclofaixas e na acessibilidade estão entre os caminhos apontados no terceiro debate do Projeto Joinville que Queremos, promoção de “A Notícia” em parceria com o Perini Business Park, a UniSociesc e a Ciser.

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O debate ocorreu na manhã de terça-feira e reuniu o coordenador do Ippuj, Vladimir Constante; a professora da Udesc, Ana Mirthes; e o colunista de “AN” Jefferson Saavedra. A mediação foi do editor-chefe do Jornal do Almoço, da RBS TV, Rafael Custódio. O consultor Alan Ramsey Cannel, que participou da elaboração do sistema integrado em Joinville, participou por vídeo.

Na prática, a integração dos modais, especificamente no caso de Joinville, significa dar condições para que as pessoas se desloquem pela cidade usando o sistema e os equipamentos públicos, como calçadas em condições, ciclofaixas, bicicletários, ônibus, corredores exclusivos para o transporte coletivo e até bicicletas públicas.

– A nossa cultura do uso da bicicleta e a topografia plana nos ajudam. Em Joinville, 11% de “viagens” são de bicicleta. Mas também há pontos que não são negativos, mas que refletem o outro lado: o poder aquisitivo da população é um pouco maior do que a média e, por isso, ainda usamos automóvel – disse Vladimir.

– No futuro, obrigatoriamente, os investimentos terão de ser em transporte coletivo. Em todas as cidades do mundo, o transporte passa a ser solidário. E, mais do que isso, você não será o dono (como no caso do automóvel), apenas usa – ressaltou Alan.

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Os debatedores defenderam propostas que fujam da ideia de construir rodovias, acompanhando o crescimento da frota.

– O carro não deve ser tratado como o grande vilão, mas não haverá mais espaço para ele da forma como queremos, e temos de achar alternativas. Esta integração, com prioridade para o transporte coletivo e modais sustentáveis, é o caminho mais adotado no mundo – disse o presidente do Ippuj.

No debate, foram citados exemplos como o de Curitiba, pioneiro no BRT (ônibus de trânsito rápido) e lembradas experiências adotadas em outros países com sucesso (como a destinação de parte da arrecadação com estacionamento rotativo no aluguel de bicicletas em Barcelona).

– A ligação de modais é uma realidade em bairros de Joinville. Muitas pessoas vão de bicicleta ou a pé até terminais. Mas o uso ainda está mais associado à falta de oportunidade de comprar uma moto ou carro e precisamos reverter isto – diz a professora Ana Mirthes, pesquisadora do tema principalmente em relação a deslocamentos ciclísticos.

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Segundo ela, a maioria das pessoas que usa a bicicleta nos deslocamentos é formada por trabalhadores da indústria e estudantes.

Planejamento

O prefeito de Joinville, Udo Döhler, que fez o encerramento dos debates, disse que a mobilidade urbana é uma preocupação presente e que a Prefeitura pretende incluir nos planos as sugestões propostas no Joinville que Queremos.

– Joinville cresce acima da média nacional, a população dobra, a economia triplica. E nós temos de pensar no futuro hoje. Nosso transporte coletivo encolheu, envelheceu e se acomodou – disse o prefeito.

Ele destacou que o novo modelo de concessão, que deve ser estudado nos próximos seis meses, deve prever novos modais e novas tecnologias, como o uso de aplicativos para acompanhamento das linhas no telefone celular.

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– É preciso novos modais. E, agora, surge a oportunidade de usar transporte por cabos. Por isso, decidimos examinar com mais cuidado o novo processo de concessão do transporte coletivo. É um documento com mais de 3 mil páginas, que terá de acompanhar os novos tempos – ressaltou o prefeito.

Ele também lembrou que os recursos do PAC da mobilidade devem permitir a Joinville finalmente construir um contorno viário na região Oeste, ligando a região do campus da UFSC a Pirabeiraba.

Soluções

A professora da Udesc aproveitou o momento para entregar os resultados de uma pesquisa feita em cinco cidades catarinenses, inclusive Joinville. Ela também garantiu que a parceria entre os órgãos públicos, as entidades empresariais e a universidade são o caminho para planejamentos sérios, com pesquisas qualitativas e quantitativas, e distante de achismos que possam levar recursos públicos para longe das soluções dos problemas reais da população.

– Contamos com três projetos aprovados para 2014. Um deles é o resultado da pesquisa. Mas também há uma equipe trabalhando num aplicativo para telefones celulares, com as ciclovias, as ciclofaixas e as trilhas de bike; e um outro trabalho prevendo educação para o trânsito – disse.

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Ônibus e bicicleta

Segundo o presidente do Ippuj, não há como ficar prevendo investimentos somente para dar conta do volume de carros, que cada vez aumenta mais nas ruas da cidade.

– Não tem como ampliar indefinidamente o sistema viário. É um fato. Para resolver, não é ampliando o sistema viário nem construindo elevados. Todas as cidades do porte de Joinville no mundo estão pensando no transporte coletivo. Não temos metrô nem trens, mas a integração de ônibus e bicicleta tem condições de ter soluções por muito tempo – disse.

A Prefeitura planeja colocar em prática um sistema de bicicletas públicas até meados do ano que vem. Com isso, daria condições para que as pessoas que se deslocam dos bairros possam chegar no Centro de ônibus e, a partir de um terminal de bikes, percorrer o Centro.

– Se tivéssemos uma infraestrutura melhor, teríamos mais gente andando de bicicleta – disse Mirthes.

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Amplia as linhas exclusivas de ônibus é uma das alternativas. Hoje há 13 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus na cidade. Segundo o Ippuj, é possível elevar para 55 quilômetros nos próximos anos. É o que prevê o projeto para as obras do PAC 2 Mobilidade Médias Cidades, financiamento de R$ 104,8 milhões aprovado em março pelo governo federal para melhoria ruas nas regiões central, Sul e Leste.

As obras são previstas para a metade do ano que vem e devem ser concluídas em dois anos (meados de 2016), se tudo correr bem com as licitações, a execução dos trabalhos e outras etapas até lá.

Visite a página especial do projeto.