O resultado apertado da votação que definiu a ocupação do Instituto Federal Catarinense (IFC) em Camboriú (170 a 164) fez da unidade a primeira no Estado a registrar o surgimento de um grupo pró-desocupação, em paralelo ao Ocupa IFC. Diante da polarização, a instituição decidiu reconhecer os dois movimentos, e passou a acompanhar as negociações e o embate de ideias.

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A convivência, até agora, é pacífica. Entretanto, a entrada de representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) _ grupo que nasceu das manifestações pró-impeachment e que prega a invasão das escolas ocupadas _ levou a um reforço nas medidas de segurança. De acordo com integrantes da ocupação, membros do MBL teriam entrado no campus dizendo que estavam em busca de informações sobre os cursos, mas se infiltraram entre os estudantes. Alunos que integram o Desocupa negam que tenham chamado o MBL, mas os autorizaram a usar imagens feitas dentro da ocupação. A preocupação em relação à segurança aumentou na medida em que começaram a ser propagar nas redes sociais sugestões de uma desocupação à força. Diante da polarização, a Associação Catarinense de Advogados pela Democracia (Acad) ofereceu suporte legal aos estudantes do movimento Ocupa IFC e defendeu o direito dos alunos à manifestação.

Entre os alunos que integram o movimento de ocupação em Camboriú, taxados de baderneiros nas redes sociais, estão adolescentes participativos, com boas notas e sem histórico de ocorrências disciplinares. Os dias de ocupação na escola têm programação com palestras e aulões preparatórios para o Enem, ministrados por voluntários. No tempo livre, eles limparam e fizeram pequenos consertos na unidade. A alimentação é doada pela comunidade _ pais e professores favoráveis ao movimento colaboram com o cardápio. À noite, cerca de 30 estudantes se revezam para dormir na escola e resguardar a ocupação.

_ Não tivemos incidentes, não houve depredação. Estamos respeitando os movimentos com diálogo e conversação _ diz Rogério Luís Kerber, diretor do campus Camboriú.

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A ocupação completou 12 dias na sexta-feira. O movimento, entretanto, fez uma trégua esta semana. Em acordo com a direção, retirou cartazes e desmontou temporariamente a estrutura de ocupação para que não houvesse interferência na realização do Enem. Uma nova assembleia vai decidir os rumos da ocupação, mas a tendência é que o movimento seja levado para fora do instituto. O grupo prepara um documento contendo as reivindicações locais, como questionamentos à falta de participação nas discussões sobre a educação, que será entregue à reitoria e integrará a agenda de um encontro nacional entre reitores de institutos federais. Na última semana, a direção recebeu uma série de questionamentos do Ministério Público Federal (MPF) sobre a ocupação, em uma provável preparação para pedido de reintegração de posse.

Confira o mapa das escolas ocupadas em SC