Al Azhar, prestigiosa universidade e mesquita sunita com sede no Egito, condenou qualquer forma de assédio sexual, classificando a prática como “pecado”, e pediu ação das autoridades, em um país onde o número de casos é elevado.

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Em um comunicado, Al Azhar denunciou “atos proibidos e desvios de comportamento”. A instituição afirma que seus autores cometem um “pecado”.

“Criminalizar o assédio deve ser definitivo”, acrescentou a instituição, para a qual “a roupa, ou o comportamento da mulher, não deve em nenhum caso justificar tal ato” e constitui um “ataque à dignidade e à liberdade da mulher”.

Segundo um estudo da ONU publicado em 2017, 60% das mulheres foram vítimas de assédio no Egito, onde enfrentam, diariamente, comentários obscenos e até toques físicos indevidos.

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Pelo menos 75% dos homens atribuem esses comportamentos à roupa da mulher, segundo o estudo.

A questão do assédio entrou no debate público após as revoltas em janeiro de 2011 que levaram à queda do então presidente egípcio, Hosni Mubarak.

Naquele momento, organizaram-se grupos de voluntários para proteger as mulheres das agressões coletivas durante as manifestações, em especial na praça Tahrir, epicentro da revolta.

Após os protestos, as paredes do centro do Cairo apareceram cheias de grafite antiassédio, e muitas mulheres compartilharam suas próprias histórias publicamente.

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E, em fevereiro de 2013, as mulheres se manifestaram nas ruas para denunciar essa violência sexual.

Em junho de 2014, adotou-se uma lei que criminalizava o assédio sexual.

Em seu comunicado publicado na segunda-feira, Al Azhar lamentou a multiplicação “nos últimos tempos” dos casos de assédio denunciados na imprensa e nas redes sociais.

A instituição pede às autoridades que “ativem as leis que criminalizam esses atos e punam seus autores”. Também pede aos jornais e às ONGs que se “mobilizem” contra o problema.

* AFP