Quando embarcou na carona de um trator para fazer o trajeto entre Telha e Propriá, duas cidades do Leste sergipano afastadas nove quilômetros, Fabio José dos Santos ainda não sabia que se tornaria Fabinho. Foi ao acaso que ele se descobriu como jogador de futebol, mas tudo o que colheu depois, na vitoriosa carreira de atleta, não foi mera coincidência do destino.

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A história de Fabinho no esporte começa em um dia como outro qualquer de 1990, quando decidiu sair com os amigos de Telha, o segundo município menos populoso do Sergipe, para ir assistir ao treino do União Desportiva Propriá, time formado por jogadores em fim de carreira, que disputaria a segunda divisão estadual.

Como em toda boa história de uma equipe semiprofissional, faltou gente para completar o treino. O massagista reconheceu Fabinho – um moleque bom de bola, que jogava nas ruas do município vizinho e participava de pequenos campeonatos – e o convite foi feito. Os três gols que marcou na atividade foram a porta de entrada no futebol. Três dias depois, aos 17 anos, assinou o primeiro contrato.

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Ter se tornado atleta profissional sem a devida formação nas categorias de base ensinou importantes lições para ele. Tais ensinamentos, juntamente com a humildade que corre no sangue da família Santos, ajudam a compreender como Fabinho tem auxiliado os garotos dos juniores do Joinville a colocar suas impressões digitais na história do clube.

Independentemente do que aconteça na semifinal da Copa do Brasil sub-20 – o primeiro jogo contra o São Paulo é às 16 horas de hoje, na Arena -, o fato de a equipe estar entre as quatro melhores do País já é um feito para lá de louvável, principalmente quando se observa que o Tricolor deixou para trás times de maior tradição, como Grêmio, Coritiba e Flamengo.

Valores que fazem a diferença

Simplicidade e humildade são duas palavras que quem convive com Fabinho costuma utilizar para descrevê-lo. Coisas que aprendeu com o pai, diz ele. E coisas que tenta repassar aos filhos Leonardo e Letícia, frutos do casamento com a mulher Graci Quele.

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Como uma espécie de pai de uma família um “pouco” maior – o time sub-20 do JEC -, ele transmite os mesmos valores à sua equipe. Foi com essa fórmula que o Joinville conseguiu se impor diante de Grêmio, Coxa e Fla. E é apostando nisso que Fabinho espera que o Tricolor enfrente o São Paulo acreditando na possibilidade de avançar à final.

O outro time é maior, está mais acostumado a disputar grandes competições e impõe respeito.

Mas, para um sergipano que deixou a pequena cidade de Telha para construir a vida no futebol, inclusive passando anos no Japão, quanto maior o desafio, maior será a dedicação para superá-lo.

DNA tricolor: de ídolo a técnico

Fabinho, hoje com 42 anos, é lembrado no JEC pelo que fez em 2000. Do pé direito do atacante canhoto saiu o gol do título do Catarinense daquela temporada, que tirou o time de uma fila de 13 anos sem conquistas. Ou seja: está acostumado a fazer história com a camisa tricolor.

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Apesar das conquistas na carreira, não se permitiu ficar deslumbrado. Trabalhou forte como atleta até os 35 anos, quando uma lesão por stress no quinto metatarso do pé fez com que repensasse o futuro.

Balançado por um convite para trabalhar nas categorias de base do Albirex Niigata, do Japão, topou o desafio. Fez um curso na Associação Brasileira de Treinadores de Futebol e voltou com a família para o país da Ásia, onde já tinha atuado. Hoje, não se arrepende por nem um segundo da decisão que tomou.

Com o mesmo orgulho que fala de sua história, Fabinho discursa sobre o grupo de jogadores que tem em mãos. Com apenas um ano e meio à frente da garotada dos juniores – antes, treinou o juvenil -, ele colhe os frutos do trabalho que iniciou no ano passado. Por isso, não chega a ser uma surpresa, para ele, que a equipe esteja rendendo tão bem.

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– Eu sabia que havia uns meninos bem interessantes ali. Sempre valorizei muito isso, pois existe muito potencial. Eles não chegaram a toa nessa fase, se esforçaram muito – elogia.

Agora, quer ver todo esse comprometimento do grupo diante do São Paulo, nos dois jogos que valem a vaga na final. É claro que o Joinville quer chegar à decisão, mas Fabinho evita pensar no assunto. O que ele pede é para que seus liderados tenham alegria em jogar futebol.

– Nesses campeonatos, quem entra pensando na final é o São Paulo, o Flamengo, o Grêmio. A gente tem que pensar no jogo a jogo. E é isso que mais uma vez vamos fazer – argumenta o treinador da molecada.

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