Ele poderia se inspirar em Pep Guardiola, Tite, José Mourinho, Diego Simeone, Jurgen Klöpp, Joachin Löw, Carlo Ancelotti ou até em Arsène Wenger, conhecidos e consolidados treinadores no futebol mundial, mas não. Prefere ter como referência nomes bem menos badalados para basear aquela que quer transformar em uma carreira vitoriosa – a começar pelo último domingo, após a conquista do primeiro turno da Série C do Catarinense. Iniciante nos trabalhos à beira do campo, é no Blumenau Esporte Clube que Everton Vinícius dos Santos Gomes inicia a trajetória de comandar um time e de não geri-lo.
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Pelo nome completo você pode até nem lembrar, mas o atual técnico do Tricolor é Viton, velho conhecido da torcida do Metropolitano – tanto como jogador quanto gerente de futebol – e que agora tenta do lado tricolor construir sua história. Mas engana-se quem pensa que é em supertécnicos que ele se baseia. Inspirado nos “professores” – como ele mesmo chama – Gérson Andreotti, Lio Evaristo, Pingo e Celso Roth, Viton se apoia na humildade para trilhar seu caminho no novo desafio. A escolha pelos mentores se deu pela experiência adquirida enquanto ainda vestia a camisa 5 dos clubes em que jogava.
Andreotti pelo comprometimento e cuidado em manter o grupo sempre ligado antes das partidas; Pingo pelo jeito de jogar, o toque na bola e o bom e velho “time que não dá chutão”; Lio Evaristo por saber trabalhar e treinar o grupo nas situações mais difíceis e Celso Roth pelo perfeccionismo de treinar os menores detalhes que compõem o contexto de uma partida. Unir as melhores características desses e de outros tantos com quem trabalhou é o objetivo do atual comandante do Blumenau para ir mais longe.
– No tempo em que estive no Metropolitano trabalhei com 13 ou 14 treinadores e fui anotando um por um os prós e contras. O mesmo vale para a época em que era jogador. Tento colocar isso em prática, mas ainda é tudo muito novo para mim – comenta Viton.
Foi como supervisor, gerente ou até mesmo diretor de futebol que o atual treinador do Tricolor se manteve ligado ao esporte, mesmo após abandonar as quatro linhas em 2008. Participou de boas campanhas na Série D e Estadual com o Metrô – como em 2012 e 2013 –, e esteve à frente da gestão do próprio Blumenau em 2014 – ano em que o time ficou com o vice-campeonato da Série C do Estadual ao perder para o Inter de Lages em uma polêmica decisão arbitrada por Célio Amorim no Estádio Vidal Ramos Júnior, na Serra. Mas é como técnico que Viton quer ser reconhecido daqui para frente:
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– Me considero um bom gerente, mas não via um futuro nessa área. É diferente de treinar, que é algo que eu sempre quis para a vida e que me dá prazer.
Desafio mais difícil do que
ele imaginava na Série C
Antes de começar o campeonato, o que predominava era a incerteza. Poucos sabiam como Curitibanos, Porto, Caçadorense ou até mesmo o Imbituba vinham para a disputa. Isso, de certa forma, fez com que a própria diretoria e comissão técnica do Blumenau projetassem um caminho nem tão difícil assim na luta pelo acesso. Mas isso não foi bem assim, conforme Viton. Embora o Tricolor esteja invicto na competição, com 12 gols marcados e apenas quatro sofridos, o caminho está mais difícil do que se esperava.
– Pensávamos que os outros times eram inferiores ao que demonstraram dentro de campo, mas fomos inteligentes em não cair nas pegadinhas que a Série C do Catarinense oferece. Graças a Deus o nosso grupo encaixou muito bem e entendeu que cada jogo é um jogo – avalia.
De folga nas próximas duas rodadas – o formato “espelho” da tabela prevê que o time não entre em campo na última rodada do turno nem na primeira do returno – o Blumenau terá, contando com hoje, 20 dias até o confronto contra o Porto, no primeiro da série de quatro jogos pela consolidação do título.
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Se ficar na primeira colocação da segunda fase, o time de Viton elimina a necessidade de final e se confirma na Série B do Estadual de 2018. Um passo de cada vez, é claro, mas é difícil não projetar o ano que está por vir.
– É claro que já fazemos um planejamento pensando em 2018, mas temos um segundo turno que será ardido – finaliza o treinador ao se referir sobre Porto e Imbituba, adversários que devem se reforçar para entrar na briga e tentar chegar na decisão.