Arquiteta natural de Floripa, Cláudia Wendhausen é o tipo de mulher que não tem medo de recomeçar. Mãe da Vicky, atualmente com três anos, ela deu uma pausa para cuidar da filhota nos primeiros anos de vida, e já havia feito um intervalo produtivo ainda nos tempos da faculdade. Trancou a matrícula na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi pra Paris, onde se especializou pela Ecole Supérieure des Arts.
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A parte de pesquisa e as frequentes viagens a destinos que adora circular continuaram na rotina, a gastronomia virou hobby dos mais queridos, e o repertório da profissional foi abastecido com boas experiências. Tudo soma, acredita a arquiteta que volta à ativa com o foco muito mais apurado.
De volta ao mercado, qual o seu conceito na arquitetura?
Para interiores gosto muito da mistura de estilos, do clássico, do barroco, do art déco, art nouveau e acredito que uma decoração com a mistura destes estilos torna o projeto mais individual. Não gosto de modismos e procuro buscar com os clientes referências pessoais que possam agregar valor e personalidade ao projeto.
Como as viagens entram no seu processo criativo?
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Quando pequena falava para meus pais que queria morar em Paris, numa cobertura com mordomo, o que acabou acontecendo. O apartamento era até na cobertura, mas era um estúdio de 40 metros quadrados e sem mordomo (risos). Sempre acompanhei meus pais em viagens, nos feriados, férias, em que todo mundo aproveitava para curtir Floripa. Acredito que foi aí o início da paixão que tenho por lugares e culturas diferentes. Quando programo uma viagem, adoro pesquisar lugares para visitar e absorver o que cada um tem para oferecer. Pode ser uma cidadezinha na Bahia ou uma metrópole como Londres ou Singapura.
O que traz na bagagem?
Retorno com muitos livros e referências das viagens. Na maioria das mostras de decoração ou viagens que faço, pesquiso tendências sobre a minha área, garimpo objetos diferentes para expor e também mergulho fundo na vida de um homenageado, como a entrevista que fiz com o artista plástico Juarez Machado, em seu apartamento em Paris. As obras de Juarez deram o tom num ambiente que criei para uma mostra de decoração.
Como Paris influencia a tua arquitetura?
Quando morei lá observava como as pessoas aproveitavam móveis e objetos que eram deixados na frente dos prédios. É como se quem se desfazia soubesse que aquilo seria reaproveitado, repaginado, com uma cor diferente, textura, tecido, ou qualquer outra ideia. A cidade tem lojas de departamentos enormes com setores específicos e isso é muito legal. Pude vivenciar isso com amigos franceses, com esse perfil de mobiliário e objetos nas suas casas. Lá sempre existiu a moda que tem hoje do: “Faça você mesmo”.
O reaproveitamento de móveis é uma preocupação no teu trabalho?
Sempre. Primeiro porque acredito na questão da identidade e personalidade do cliente. Depois, porque valorizo muito a questão da sustentabilidade. Se tenho bons móveis, para que comprar novos se posso repaginá-los? Seja colocando uma capa, ou forrando com outro tecido. O que acho que acontece é que moramos num lado do mundo extremamente capitalista, onde nos desfazemos muito fácil das coisas, somos meio americanizados, tudo é descartável e, sinceramente, não curto isso. Quando recebo um cliente no escritório faço um levantamento minucioso do que ele possui e tento reaproveitar ao máximo.
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O que as pessoas buscam em casa hoje em dia?
Conforto, aconchego e segurança. Cada vez mais as pessoas estão desenvolvendo projetos pensando em fazer tudo em casa. Por vários motivos: seja a segurança, o trânsito ou a possibilidade de ter por perto quem se quer e do jeito que se quer.
O que a identidade do morador significa num projeto?
Tudo, acho cafona entrar numa casa ou apartamento e ver que a decoração é a cara de um showroom ou completamente sem personalidade. Para que um projeto tenha sucesso é imprescindível que tenha identidade, referência e muita pesquisa para definir quem vai ocupar aquele espaço.