Sentado numa cadeira na sala de medicação do Hospital Regional de São José (HRSJ), Pedro Carminatti, de 100 anos, aguardava ser encaminhado para um quarto há quase 48 horas. O idoso tem fortes dores abdominais e manchas pelo corpo, mas sequer sabe qual a gravidade do problema que deve enfrentar. A neta de Pedro, angustiada com o sofrimento do avô, puxou a reportagem até o local onde o senhor aguardava para mostrar a situação dele: a sala de medicação não deveria abrigar ninguém, mas se tornou um leito improvisado para pelo menos mais dez pessoas.
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A visita ao Hospital Regional de São José foi feita na manhã desta quinta-feira a partir de uma inspeção surpresa da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. Como a direção do hospital não havia sido avisada, a situação encontrada foi próxima àquela que os pacientes encaram diariamente: camas improvisadas no corredor, salas que servem de leito devido à superlotação, profissionais atordoados com o excesso de deficiências que não conseguem resolver, familiares desesperados para obter informações sobre o estado de saúde de entes queridos.
– Tenho todos os exames e já fui mandado para casa uma vez. Parece que vou ser mandado embora de novo, mas não saio mais daqui, só à força – diz Gilberto de Oliveira, internado há 30 dias esperando para retirar uma pedra na vesícula.
Casos como estes podem ser encontrados em praticamente todos os setores do centro de saúde: um homem esperava numa cama improvisada há 21 dias por uma cirurgia ortopédica, e uma mulher está há mais de 24 horas em uma cadeira de escritório aguardando notícias sobre uma operação de hérnia a qual ela deverá se submeter. Na ala de raio-x, apenas uma das três máquinas está funcionando, e a fila de pacientes aguardando pelo procedimento chegava a quase 60 pessoas.
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A Comissão foi acionada pelo SindSaúde (sindicato dos servidores da saúde de SC) a partir de uma série de reclamações feitas pelos próprios funcionários, cansados da falta de estrutura do estabelecimento. Apenas nos últimos três meses, mais de 100 relatórios com observações dos trabalhadores foram coletadas pelo sindicato. As principais delas são a falta de servidores novos e a superlotação, como a Comissão de Saúde observou durante a inspeção.