Será no anfiteatro Flávio Miguel Schneider, no prédio 42 do Centro de Ciências Rurais – onde estudavam 65 alunos que morreram no incêndio da boate Kiss -, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que a Polícia Civil vai apresentar o resultado da investigação da maior tragédia do Estado. Conforme o chefe da Polícia Civil gaúcha, Ranolfo Vieira Júnior, a coletiva de imprensa para mostrar as conclusões vai acontecer às 14h30min desta sexta-feira. Ao final, o relatório do inquérito que apontará os responsáveis pelo incêndio na danceteria resumirá as cerca de 12 mil páginas da investigação em cerca de 150 laudas e apontará os indiciados e os crimes cometidos. Antes disso, às 14h, a papelada será entregue ao Ministério Público, no Fórum.

Continua depois da publicidade

Como é usual em casos complicados, as dúvidas aumentaram na reta final do inquérito sobre o incêndio. Os cinco delegados que acompanham o caso passaram manhã, tarde e parte da noite de nessa quarta-feira reunidos. Sequer telefonemas de familiares atenderam. Saíram apenas para almoçar, em um restaurante que fica a cerca de 40 metros da Delegacia Regional de Polícia de Santa Maria, onde acontecem as discussões.

A indecisão paira sobre três situações. A primeira: bombeiros que teriam estimulado o ingresso de civis voluntários para resgatar feridos na boate, o que resultou em cinco mortes de socorristas, devem ser indiciados por homicídio? A segunda dúvida é se fiscais da prefeitura podiam ou não ter impedido a boate de abrir – o que pode lhes render indiciamento por prevaricação (crime praticado por funcionário público que retarda ou deixa de fazer sua função, para satisfazer interesse pessoal ou de outros). A terceira questão diz respeito aos profissionais técnicos – cinco engenheiros e uma arquiteta – que fizeram projetos que legalizaram a boate Kiss. Eles podem não ser indiciados pela Polícia Civil. Mas a tendência é que eles sejam investigados em um novo inquérito policial.

Entre as pessoas que deixaram a lista inicial de prováveis indiciados está a mãe de Elissandro Spohr, o Kiko, que é sócio da boate, Marlene Terezinha Callegaro. A polícia havia cogitado indiciá-la por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, mas isso já não deve acontecer. Kiko e Mauro Hoffmann, donos da boate, deverão ser indiciados por homicídio doloso qualificado.

A polícia também não descarta apontar o prefeito Cezar Schirmer e os bombeiros Daniel da Silva Adriano, Moisés Fuchs e Alex da Rocha Camilo por improbidade administrativa.

Continua depois da publicidade

Clique aqui

Clique aqui