Depois de ouvir as sete vítimas e os dois policiais civis que invadiram a casa de uma família em Biguaçu, agredindo pessoas e efetuando disparos de arma de fogo, a Polícia Civil ainda ouvirá uma testemunha do caso nesta semana. Após o depoimento, os responsáveis pela investigação aguardarão as provas técnicas do Instituto Geral de Perícias (IGP) para concluir o inquérito e encaminhá-lo à Justiça.

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O IGP tem prazo de 10 dias, a contar da data do fato – 5 de novembro – para concluir os laudos do local do crime, exame de corpo de delito e comparativo de balística – que será feito entre os cartuchos de munição deflagradas no terreno da família Simones e as pistolas .40 apreendidas com os policiais Fábio Carminatti da Silva e Isaías Oliveira da Silva. De acordo com a assessoria de imprensa do IGP, os laudos só devem ser finalizados na próxima semana.

Um dos que acompanha a investigação de perto, o delegado regional de São José, Fabiano Rocha, explica que o titular da delegacia de Biguaçu, delegado Alan Amorim, pretende concluir o inquérito nesta semana, mas como é necessário o IGP encaminhar os laudos, a conclusão da peça ainda é incerta.

—Gostaríamos de concluir nesta semana, mas depende dos laudos do IGP, que tem 10 dias para entregá-los. São informações importantes para o inquérito, como o exame de corpo de delito das vítimas e a comparação entre a munição deflagrada na residência e as armas apreendidas com os policiais— destacou Fabiano.

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Tiros e violência

Na noite de sábado, por volta de 20h45min, Fábio Carminatti e Isaías Oliveira, que estavam de folga, invadiram a propriedade da família Simones, agrediram homens e mulheres, efetuaram disparos de arma de fogo – um dos tiros acertou o pé de um jovem de 19 anos – e fugiram antes da chegada da PM e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A Corregedoria da Polícia Civil deu início a uma sindicância preparatória para instaurar um processo administrativo contra os policiais. O prazo para concluir a sindicância é de 30 dias, mas a corregedora geral, delegada Sandra Mara Pereira, espera que o trabalho seja concluído em 15 dias.

—Estamos dando prioridade máxima a esse caso. Os policiais já estão afastados, e após concluirmos a sindicância, instauramos o procedimento administrativo, no qual eles terão direito a ampla defesa e ao contraditório — explica, para dizer que até o fim do procedimento, que pode resultar na expulsão dos policiais da instituição, os dois seguem recebendo salários, mas com descontos.

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Fábio e Isaías foram afastados de suas funções na segunda-feira, ao terem recolhidas as carteiras funcionais e armas, patrimônio do Estado utilizado pelos agentes nas agressões feitas contra a família que mora às margens da marginal da BR-101, no bairro Vendaval, em uma casa anexo à empresa de guincho da família. Inicialmente, o afastamento dos policiais é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

Fábio é lotado na 1° Delegacia de Polícia de São José, enquanto Isaías – autor do tiro no pé de um jovem de 19 anos – é lotado na Divisão de Investigação Criminal (DIC), também em São José.

A ação dos policiais foi toda filmada pelas câmeras de monitoramento do estabelecimento comercial. As imagens mostram os policiais descendo do carro e urinando na frente do portão da família.

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Ao serem advertidos para fazerem as necessidades em outro local, eles, indignados, pularam a grade de acesso ao terreno, arrombaram uma porta e agrediram os moradores.

Advogado dos policiais contesta versão

O advogado Handerson Laertes Martins, que defende os policiais Fábio e Isaías, afirma que a versão apresentada por seus clientes é diferente da exposta pela família Simones. Segundo ele, os policiais relataram que disparos de arma de fogo foram feitos de dentro da casa contra os dois, que em seguida pularam o muro “para prender o atirador em flagrante”.

Sobre o motivo de nenhuma outra arma ter sido encontrada com a família, Handerson disse que pediu novas diligências na tentativa de encontrar a suposta arma.

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