O endereço 690 da Rua Fúlvio Aducci, no Estreito, bairro da região continental de Florianópolis, é identificado pela Polícia Civil como casa de prostituição em inquérito instaurado em setembro de 2016 pelo delegado Ilson José da Silva, titular da 4ª DP da Capital. Prestes a concluir a peça e encaminhá-la à Justiça, Ilson afirma que vai indiciar pelo menos dois homens – que aparecem como sócios na razão social da empresa criada por eles – e uma mulher – que gerenciava o local – por crime de facilitação à prostituição e manutenção de casa de prostituição. A expectativa do delegado é terminar o inquérito no máximo até a próxima semana.
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— Ouvimos bastante pessoas no inquérito e apuramos crimes de favorecimento à prostituição e manter casa de prostituição. Tudo indica que as pessoas que estão na razão social da empresa e do contrato de aluguel, bem como a gerente, serão indiciadas. Tem proprietário da empresa que é de fora do Estado — revela o delegado Ilson.
Apesar de já desconfiar e ter recebido denúncias da real finalidade do endereço em uma das principais ruas do Estreito, a Polícia Civil só tomou conhecimento das atividades exercidas no local em junho do ano passado, quando os responsáveis pelo estabelecimento protocolaram pedido de alvará de funcionamento na Gerência de Jogos e Diversões de Florianópolis. O pleito da casa era por um alvará de bar com funcionamento até a madrugada.
O pedido, contudo, foi negado pela equipe da delegada Michele Alves Corrêa, titular de Jogos e Diversões, que após vistoria no local constatou a existência de seis (ou sete) quartos, sete mulheres e agendas com nomes e números que foram considerados pela delegada “caracterizantes de prostituição”. O estabelecimento foi fechado pela Polícia Civil em setembro do ano passado. Depois, equipes da delegada até fizeram campana no local, mas nunca mais flagraram funcionamento.
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— Fizemos uma vistoria no local e constatamos que havia quartos e garotas de programa. Eram sete garotas no dia. Fizemos o levantamento das meninas, jovens, uma do Oeste e outras daqui. Apreendemos imagens das câmeras de videomonitoramento e materiais que caracterizavam a casa de prostituição, como agendas. Fechamos o estabelecimento e indeferimos o pedido de alvará — conta Michele, para dizer que todo o material foi encaminhado ao delegado Ilson, que agora trabalha na conclusão do inquérito na área criminal, enquanto Michele trata da questão administrativa.
A delegada Michele ressalta a dificuldade em fazer as investigações no estabelecimento. Segundo ela, quando das incursões policiais, as pessoas que estavam no interior do imóvel acompanhavam a visita dos agentes pelas câmeras de videomonitoramento e, em alguns casos, fugiam pelos fundos do terreno em direção à Avenida Beira-Mar Continental. A delegada destaca que a ausência de estacionamento e o acesso estreito ao imóvel também dificultavam as ações da polícia.
— Nossa abordagem foi bem difícil, porque tinha um segurança que monitorava o movimento e avisava as meninas, que corriam ou se escondiam. Teve várias situações que monitoramos, mas em uma delas conseguimos entrar de supetão e caracterizar e materializar os crimes relacionados à prostituição — conta Michele, que confirma a existência de bar no local, porém também com quartos e anotações de quartos e valores relativos ao serviço de prostituição.
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Casa de prostituição tinha alvará na Prefeitura de Florianópolis como “lanchonete”
A casa onde foram assassinados os delegados da Polícia Federal, Elias Escobar, 60 anos, e Adriano Antônio Soares, 47 anos, também era registrada como estabelecimento comercial junto à Prefeitura de Florianópolis. No registro de alvará provisório junto ao poder executivo da Capital consta a licença de funcionamento para “lanchonete” no endereço 690 da Rua Fúlvio Aducci. A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o alvará é válido até julho deste ano.