Na antevéspera do início do ano letivo na rede municipal de ensino de Florianópolis, previsto para começar nesta quarta-feira, dia 8, o retorno às aulas para os cerca de 30 mil estudantes ainda é uma incógnita na Capital.

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Em greve desde o dia 16 de janeiro, o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) garante a adesão do magistério ao movimento e não prevê a volta das aulas na data marcada. Já a prefeitura, baseada na declaração de ilegalidade da greve pela Justiça, espera que na assembleia marcada para esta terça-feira, 7, os servidores encerrem a greve e o ano recomece normalmente nas escolas municipais da cidade.

Se depender do presidente do Sintrasem, Alex dos Santos, a greve vai crescer com a adesão dos cerca de 5 mil servidores da educação que estavam de férias. Muitos deles, explica, já estavam apoiando o movimento desde janeiro. Ele afirma que a prefeitura foi comunicada da exigência sindical que quer a revogação das leis aprovadas na Câmara no mês passado durante votações extraordinárias e que tratam de questões relativas ao funcionalismo público.

Na assembleia de amanhã, às 13h30min, na Praça Tancredo Neves (Praça da Bandeira), é que será possível saber com mais precisão qual o grau de adesão dos servidores da educação ao movimento.

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— Enquanto nós estamos pedindo a revogação da lei que literalmente acaba com a carreira dos servidores, a prefeitura está propondo formar uma comissão para discutir outro Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), rebaixado e sem as garantias que tínhamos, no meio da greve. Nós já rechaçamos isso. Esse foi um dos motivos de termos entrado em greve. Não aceitamos um novo plano de carreira, queremos o nosso, conquistado após 28 anos de discussões — expõe Alex.

Sobre a decisão da desembargadora Vera Copetti, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que na semana passada decretou a total ilegalidade da greve dos servidores municipais de Florianópolis, Alex disse que o Sintrasem tem até o dia 14 de fevereiro para recorrer. Ele garante que o recurso está sendo preparado na tentativa de evitar também a cobrança de multa de R$ 30 mil para cada dia parado. Nesta segunda-feira, os servidores da educação estão reunidos com pais de alunos para expor os motivos da greve e buscar apoio da comunidade escolar.

— Vamos nos reunir com os pais, passar nossa versão dos fatos. A partir de amanhã (terça-feira) de manhã, temos reunião do comando de greve para avaliar o quadro, e à tarde apresentamos as pautas na assembleia — diz Alex.

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Prefeitura diz esperar “bom senso” dos servidores

Everson Mendes, secretário de Administração, espera que os servidores tenham ¿bom senso¿ e terminem a greve nesta terça-feira. Ainda nesta segunda-feira, avisa, o município publicará uma portaria que deixará aos servidores em greve a possibilidade de, em até dois dias úteis, retornar ao trabalho e ajustar com os secretários da Saúde ou Assistência Social (as duas áreas com maior adesão de grevistas, já que a pasta da Educação estava em férias), a maneira como serão compensados os dias que o servidor faltou. Os servidores que não retornarem ao trabalho nesse período, a prefeitura informa que descontará os dias parados dos grevistas.

— Esperamos que assim os servidores retornem ao trabalho e terminem essa greve. Afinal, já temos a garantia da ilegalidade da greve e não estamos fugindo do diálogo, mas só iremos negociar com o sindicato quando acabar a greve — pontua.

Em relação aos servidores da Educação, Mendes acredita que os professores “perceberam que não tem nada sendo cortado”. Diz que os vencimentos estão sendo pagos integralmente. Garante que o município está atacando questões históricas e de responsabilidade com as gestões futuras. Afirma que o retorno ao trabalho dos servidores será o ponto de largada para a abertura da mesa de negociações, “dentro de parâmetros responsáveis e números atuais”.

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— Sem enganar o servidor, queremos construir algo que valoriza a carreira, dê ganho real aos salários e que ele tenha condições de se sentir estimulado e valorizado — destaca Mendes, para quem há atualmente 1.300 servidores em greve (na Saúde e Assistência Social), número bem menor do que o exposto pelo Sintrasem, que espera concluir o levantamento da adesão dos servidores da educação para divulgar a quantidade de servidores em greve.