Aprender a programar um jogo de computador não precisa ser difícil e pode, inclusive, ser do interesse de muitas crianças. Essa é a meta da iniciativa Computação na Escola, do Departamento de Informática e Estatística (INE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O objetivo do projeto é introduzir a computação no ensino de informática nas escolas para que mais pessoas sintam prazer ao lidar com a tecnologia.
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– O ensino tradicional de informática mostra o computador para a criança como um substituto à máquina de escrever e não como uma ferramenta para criar tecnologia, programas de computador e jogos – explica o coordenador do projeto Aldo von Wangenheim.
Para ele, isso tem um efeito negativo nas crianças, que não vêem a computação como uma opção de trabalho, especialmente nas escolas públicas, onde uma carreira na área de tecnologia da informação é vista como algo quase inalcançável.
A iniciativa já realizou oficinas e projetos pilotos para a programação de histórias interativas e jogos na Escola de Educação Básica Vidal Ramos Jr., em Lages, na serra catarinense, e no colégio particular Autonomia, em Florianópolis. Agora, eles preparam dois currículos de ensino para serem aplicados em escolas da Capital em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.
O ensino da programação é feito através do software Scratch, desenvolvido pelo laboratório de mídia do Massachussets Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, que substitui os códigos por uma linguagem gráfica baseada em blocos coloridos. A ideia é ensinar o pensamento computacional, ou seja, sistematização da solução de um problema através de um conjunto de passos, de forma mais simples.
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Fazer uma figura executar um movimento, por exemplo, exige a aplicação de vários comandos. Em vez de escrever cada um deles, a criança apenas arrasta os bloco e ordena-os para chegar ao resultado esperado.
– A gente ensina o pensamento computacional: tem o problema, analisa e pensa em uma forma sistemática para resolvê-lo, passo a passo. Isso é traduzido em um programa de computador – explica o professor, que considera o desenvolvimento deste pensamento lógico uma ferramenta útil em qualquer área da vida.
A partir dos 13 anos já é possível avançar um pouco mais na computação e aliar a programação à robótica. Os alunos pensam em soluções para, por exemplo, construir um robô.
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Oficina com pais e filhos
Além dos projetos nas escolas, são realizadas oficinas com os pais e filhos para envolver os dois grupos na experiência da computação. Esta é uma forma de criar condições para que os pais apoiem as crianças dentro de uma carreira tecnológica.
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O analista de sistemas Eduardo Luz convidou o filho Daniel, de 7 anos, para participar de uma aula de Scratch. O pequeno se animou com a proposta de fazer o seu próprio game de computador e juntos eles fizeram uma corrida de carros.
– É um jogo que várias crianças gostam. Foi difícil de arrumar pra jogar, mas vale a pena. Eu já estou inventando outro no meu computador – revela Daniel, que na ocasião também conheceu alguns sites de jogos.
Luz estimula o filho a brincar com o jogo que ele fez e acredita que a experiência foi positiva e que Daniel tem mais chances de se interessar pela computação.
– É interessante tanto pelo desenvolvimento lógico como por ser uma ferramenta a mais. A criança pode usar para fazer um trabalho de aula, por exemplo – diz.
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