O desemprego em Santa Catarina alcançou a taxa de 6,7% no terceiro trimestre deste ano, o que representa 257 mil pessoas sem trabalho. O índice é 4,8% maior na comparação com o mesmo período do ano passado, mas 10,6% menor no paralelo com os três meses imediatamente anteriores. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
Continua depois da publicidade
Para a pesquisa, o IBGE considera ocupadas as pessoas com 14 anos ou mais que exerceram ao menos uma hora de atividade remunerada na semana de referência, ou seja, na semana anterior à da entrevista dos pesquisadores. Os desocupados são os que fazem parte da força de trabalho e estão efetivamente à procura de serviço.
Neste ano, todos os índices de SC são piores quando comparados com 2016, mas vêm regredindo pouco a pouco na comparação com o período imediatamente anterior. Essa redução. no entanto, tem ocorrido ao custo da informalidade. Enquanto os empregos com carteira assinada no setor privado tiveram redução de 0,2% na passagem do segundo para o terceiro trimestre de 2017, as ocupações informais cresceram 10,8%. O mesmo tipo de tendência é observado em nível nacional.
— Temos sim uma recuperação no mercado de trabalho, que ocorreu em parte expressiva dos Estados, só que ela vem acompanhada de um ponto desfavorável que é uma quantidade expressiva de postos informais e aumento da subocupação (pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais e que gostariam de trabalhar mais) – diz o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O pesquisador do IBRE/ FGV, Bruno Ottoni, explica que neste ano houve uma reversão das taxas, embora muitas ainda sejam piores no paralelo com o ano passado.
Continua depois da publicidade
— No início de 2017, aconteceu como normalmente acontece no primeiro trimestre, o aumento do desemprego por conta dos trabalhadores temporários de final de ano. A partir dali, observamos algo que não se via há dois anos, que foram quedas sucessivas, com ou sem os efeitos sazonais. Isso evidencia uma reversão do desemprego, mas que será lenta e gradual, diferente das outras crises – diz Ottoni.
Como Azeredo, o pesquisador do IBRE ressalta que esses recuos na desocupação vêm acompanhados de precarização, com aumento da informalidade e da taxa de desocupação. Para se ter uma ideia, enquanto o rendimento médio dos trabalhadores com carteira assinada no setor privado catarinense foi de R$2035 no período, o dos trabalhadores informais foi de R$ 1607.
Rendimentos cresceram
Os rendimentos médios reais dos trabalhos em SC vêm aumentando desde o ano passado. Os reajustes salariais concedidos neste ano com base na inflação do ano passado, que foi alta, e a inflação mais baixa em 2017 ajudaram a impulsionar o avanço da renda. O mesmo efeito não deve ser visto no próximo ano, segundo Ottoni. No terceiro trimestre a renda média foi de R$2313, ante R$ 2279 nos três meses anteriores.
Novas regras trabalhistas podem mudar metodologia
Com as novas regras trabalhistas, a expectativa do supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em SC (Dieese-SC), José Álvaro Cardoso, é que a taxa de formalidade aumente, mas com a precarização do emprego.
Continua depois da publicidade
– Muita coisa que antes era ilegal, agora será legal por causa da reforma, como o trabalho intermitente (contratação apenas para finais de semana, por exemplo). Com isso, é provável que aumente o emprego e a formalização, mas com um aumento da precarização do trabalho – avalia.
Conforme Azeredo, o IBGE estuda, junto a órgãos como Ipea e Organização Internacional do Trabalho (OIT), possíveis mudanças no questionário da PNAD em razão da reforma trabalhista. Ainda não está certo, contudo, se e quando haverá alteração.
Brasil tem 13 milhões de desempregados
No país, conforme já havia sido publicado anteriormente, a taxa ficou em 12,4%, menor que no período anterior (13%), mas acima do registrado nos mesmos meses em 2016 (11,8%). Em todo o Brasil há 13 milhões de desempregados.