Parentes dos 44 membros da tripulação do submarino desaparecido há oito dias no Atlântico Sul reagiram com dor e indignação ao relatório divulgado, nesta quinta-feira (23), pela Armada Argentina sobre uma explosão no mar no dia do último contato com a embarcação. Um relatório oficial confirmou o registro de um ruído violento e repentino compatível com uma explosão no meio do Atlântico, horas após o último contato do ARA San Juan com a base, em 15 de novembro.

Continua depois da publicidade

— É a primeira vez que venho à base (naval) e acabo de saber que sou viúva — declarou Jessica Gopar em lágrimas. — Ele (Fernando Santilli, eletricista do ARA San Juan) foi meu grande amor, tínhamos sete anos de namoro, seis de casamento e temos um filho, Stefano, que nos custou muito até que Deus nos enviasse — declarou, em frente à base naval de Mar do Plata, 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires, onde os familiares receberam a notícia.

O filho do casal tem apenas um ano e acabou de aprender a dizer “papai” durante sua ausência, de acordo com uma postagem no Facebook de Jessica.

— Todos morreram, foi a primeira coisa que pensei — disse Jessica sobre o momento em que soube da explosão.

Itatí Leguizamón, advogada e esposa de German Suarez, operador de sonar do San Juan, disse que “não vai servir de nada uma placa que diz ‘os heróis de San Juan'”.

Continua depois da publicidade

— Eu me sinto enganada. É impossível que tenham descoberto só agora. São perversos e nos manipularam — declarou Itatí. — Não nos disseram que estão mortos, mas afirmaram que o submarino está a 3 mil metros (de profundidade). O que se pode entender? 

Quase cem parentes esperavam esperançosamente dentro da base naval de Mar del Plata, cujo perímetro nos últimos dias foi preenchido com mensagens de encorajamento, imagens religiosas e bandeiras argentinas.

Um relatório oficial confirmou o registro de um ruído violento e repentino compatível com uma explosão no meio do Atlântico, horas após o último contato do ARA San Juan com a base, em 15 de novembro.

 Relatives and comrades of 44 crew members of Argentine missing submarine, express their grief at Argentina's Navy base in Mar del Plata, on the Atlantic coast south of Buenos Aires, on November 23, 2017.An unusual noise heard in the ocean near the last known position of the San Juan submarine was
Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP

Separados do enxame de jornalistas e curiosos por uma cerca, no estacionamento da base naval, alguns parentes se abraçavam, outros gritavam inconsoláveis sentados no chão.

— Pediram que a maioria das pessoas saísse e que só ficassem os parentes diretos — relatou Itatí sobre como a Marinha havia transmitido a notícia aos familiares na base, minutos antes de divulgá-la em uma conferência de imprensa na capital argentina.

Continua depois da publicidade