A formação de gelo em aeronaves (FGA) é responsável pelo maior número de acidentes aeronáuticos no mundo, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O fenômeno foi apontado como possível explicação para o desaparecimento do avião brasileiro com três moradores de Santa Catarina na Argentina, na última quarta-feira (6).
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Conforme as informações disponíveis no site da Anac, os cenários de FGA são mais frequentes no outono e inverno, quando há maior presença de massas de ar frio. O fenômeno ocorre quando gotículas de nuvem e/ou gotas de precipitação congelante se acumulam em partes da estrutura de uma aeronave. (veja infográfico abaixo)
O piloto especialista em segurança de voo pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Sérgio Mourão explica que quando o gelo fica acumulado na asa, uma das áreas mais críticas, a sustentação da aeronave é comprometida.
— Quando o gelo adere à asa, altera o perfil aerodinâmico. Assim a asa não produz a mesma sustentação que deveria para manter o avião voando. É como se ela sofresse uma deformação. Quando chega no extremo, essa deformação pode simplesmente eliminar a sustentação necessária para manter o avião voando — explica o piloto.
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Ele também destaca o perigo do acúmulo de gelo nas sondas, também conhecidas como “tubos de pitot”:
— Quando o gelo se forma nas sondas, pode bloquear as referências utilizadas pela aeronave, para que o piloto tenha informação de velocidade e altitude. Nas aeronaves modernas, os equipamentos eletrônicos dependem muito dessas referências. E quando elas se tornam distorcidas, as aeronaves começam a apresentar indicações erradas.
Entenda os perigos do fenômeno

A Anac disponibiliza uma cartilha para pilotos com recomendações técnicas para evitar a formação de gelo no avião.
> Mapa mostra qual era a rota de avião desaparecido na Argentina e onde ele fez último contato
Desaparecimento do avião na Argentina
O desaparecimento daeronave brasileira foi informado pelas autoridades argentinas na quarta-feira (6). A bordo estavam três moradores de Santa Catarina: Gian Carlos Nercolini, Mário Henrique da Silva Pinho e Antônio Carlos Castro Ramos.
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De acordo com a Defesa Civil da província de Chubut, o trio estava em um avião de pequeno porte, modelo RV-10, e matrícula brasileira PP-ZRT.
Uma hipótese foi levantada pelo presidente do aeroclube de El Calafate, Freddy Vergnole, em entrevista ao jornal argentino Diario Jornada. Ele esteve com o trio antes da decolagem e conversou com o piloto de outro avião que recém tinha percorrido o trecho.
Vergnole disse que, devido às condições meteorológicas, houve formação de gelo nos aviões que passaram por Comodoro Rivadavia naquela altura. De acordo com o presidente, um avião pequeno não está adaptado a este tipo de situação.
As autoridades da Argentina, entretanto, não confirmam nem estimam o que pode ter ocorrido com o avião, só tratam o caso como desaparecimento. As buscas continuam.
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