Uma influenciadora de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, publicou vídeos na internet em que afirma sofrer racismo por ser “branca transparente”. As publicações, feitas aos mais de 90 mil seguidores de Ana Canziani, repercutiram e causaram discussão nas redes sociais. Especialista ouvida pela reportagem do g1 SC afirma que brancos não sofrem racismo.

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A fala aconteceu enquanto Canziani assistia a desfiles de escolas de samba na televisão. “Isso vai causar polêmica, mas ninguém fala da mulher branca. Isso também não é racismo?”, comentou no storie.

Internautas compartilharam os vídeos no Twitter. Mais de 1,8 milhão de pessoas visualizaram uma das publicações até a tarde desta terça-feira (28).

Em nota, a defesa da influenciadora informou que “por não possuir estudos aprofundados sobre o tema, pede desculpas caso tenha se expressado mal ou confundido assuntos raciais com demais temas em discussão no vídeo”.

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“Parece que mulher branca não ocupa lugar nenhum. Mas branca transparente, tipo eu, que pareço um mapa geográfico, que aparece todas as veias do meu corpo. Eu não pego sol, então, sofro um racismo quando vou à praia”, relatou.

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Racismo branco existe?

Jaqueline Conceição, fundadora e diretora executiva do Coletivo Di Jejê, plataforma de conteúdo antirracista e feminista, destaca que pessoas brancas podem, eventualmente, sofrer preconceito por questões de classe, de território e culturais, mas jamais são vítimas de racismo.

Ela define racismo como “uma prática política, cultural, histórica, econômica e sexual de valorização de um grupo racial em relação ao outro”.

“Qual o poder político, cultural, histórico, econômico e sexual que pessoas negras têm que oprimem e excluem pessoas brancas de lugares no mundo?”, questiona a também psicanalista, antropóloga e doutoranda em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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“Preconceito não é racismo, embora o racismo possa vir atravessado pelo preconceito. O racismo é uma violência estrutural, social, econômica, que mantém grupos étnicos não-brancos em situação de violência, vulnerabilidade e precariedade ao redor do mundo”, complementa.

Defesa explica episódio

A defesa de Ana Canziani enviou nota ao g1 SC em que explicou o episódio.

Segue documento abaixo no íntegra.

A defesa técnica da ‘”envolvida”, pelo advogado, RODRIGO RIBEIRO, brasileiro, OAB/PR 78.558, com endereço profissional a Rua Nunes Machado, 68 – Sala 214, Ed. The Five East Batel, Curitiba/PR – CEP 80.250-000, vem, através da presente nota, esclarecer:

A “envolvida” – assim designada nesta oportunidade de modo a preservar seus direitos constitucionais fundamentais – foi imputada conduta discriminatória.

Todavia, desde logo, registre-se que as postagens em rede social (Instagram), foram contextualizados de forma imparcial, sendo republicado apenas um pedaço do vídeo, com conotação unilateral sem deferir contraditório a “envolvida”, e se afastam da realidade do ocorrido.

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Ressalte-se, a propósito, que os fatos ocorreram exclusivamente no âmbito virtual, sendo mera opinião pessoal descontextualizada, não direcionada a pessoa(s), grupo(s) racial(ais), grupo(s) étnico(s), a fim de atingir direito(s) destes ou daqueles.

Imbuída pelo princípio cooperativo na elucidação dos fatos, a “envolvida” de imediato coloca-se através de sua assessoria jurídica à disposição da Imprensa para esclarecer o seu ponto de vista sobre o assunto.

Por elementar, a defesa enfatiza e se opõe a toda e qualquer manifestação de que houve o cometimento de ilícito de ordem cível ou criminal!

A “envolvida”, ademais, externa publicamente respeito a todas(os) a pessoa(s), grupo(s) racial(ais), grupo(s) étnico(s) que possam ter se sentidos ofendidos.

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Externa ainda que por não possuir estudos aprofundados e conhecimento técnico do tema, pede desculpas caso tenha se expressado mal ou confundido assuntos raciais com demais temas em discussão no vídeo.

Por fim, mas não menos importante, a “envolvida” não é uma pessoa preconceituosa, não possui qualquer relação ou nutri qualquer discriminação por qualquer raça, credo ou cor, acreditando no bom senso e bondade do ser humano. Tratando-se de uma mulher, empreendedora, dedicada a família.

A presente nota é o fiel resumo do caso até o presente momento, sendo extraídas informações dos elementos de prova do caso em concreto.