No mundo, há US$ 150 trilhões disponíveis para investimentos a procura das melhores oportunidades de negócios. A informação é do ex-ministro do Planejamento no governo de Fernando Henrique Cardoso e, hoje, sócio da GG Investimentos, Antonio Kandir.

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Ele apontou para um cenário de grandes dificuldades em palestra realizada na Associação Empresarial de Joinville (Acij) na última segunda-feira. Kandir diz, até, que o IBGE vai anunciar, no dia 29 de agosto, PIB negativo referente ao segundo trimestre (período entre abril e junho).

CAPITAL INTERNACIONAL

-Temos, no mundo, capital financeiro bem líquido, de US$ 150 trilhões, nas mãos de investidores que procuram locais adequados para alocação. Estes investidores analisam quatro fatores antes de optar onde colocar o dinheiro: 1) a oportunidade de negócios; 2) a competência dos países em oferecer vantagens competitivas; 3) o custo de operação; 4) as incertezas e os riscos; 5) e os recursos de produção e de mão-de-obra.

ESTADOS UNIDOS

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– Os Estados Unidos precisam fazer ajuste fiscal no próximo ano e o presidente Barack Obama é fraco diante de um Congresso cada vez mais agressivo. Sua liderança internacional está sendo questionada por Putin, na Rússia. No Oriente Médio, a tensão é crescente por conta da situação no Iraque.

EUROPA E CHINA

– A Europa saiu das cordas, mas o maior risco lá é de deflação. Isso significa diminuição de preços porque não há consumo. É claro que a região não vive em crescimento. A China é o país que mais cresce: 7% ao ano. Mas lá há um sistema financeiro paralelo, com oferta excessiva de crédito.

ELEIÇÕES

– No primeiro turno, o eleitor olha para as virtudes dos candidatos, partindo da lógica da seleção dos nomes. No segundo turno, é um contra o outro. E os dois finalistas terão o mesmo tempo – dez minutos – de televisão e rádio. Aí, a lógica é a da rejeição. Acredito que haverá segundo turno, sem dúvida. O PT ganhou três vezes, sempre com segundo turno.

INFLAÇÃO

– O Brasil não conseguiu resolver o problema inflacionário. A taxa oficial, de 6,5% ao ano, preocupa. A inflação verdadeira é de 7,5%. Neste patamar, há uma indexação indesejável. Incomoda o fato de o governo transformar o teto como meta da inflação.

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DÉFICIT

– É de US$ 80 bilhões o déficit do fluxo de negócios internacionais da economia brasileira. Se considerarmos que entram US$ 60 bilhões por ano na forma de investimentos, ainda persiste déficit de US$ 20 bilhões.

LULA

– Lula é um ser político com muita aptidão para compreender os momentos. Na crise de 2008-2009, puxou a demanda, e isso foi positivo, a tal ponto que em 2010, também por força de conjuntura favorável, o Brasil cresceu 7%. Hoje, um dos problemas é a oferta para as empresas investirem em recursos e em infraestrutura.

PROJETOS

– O grande problema das empresas brasileiras é que, muitas vezes, elas não têm projetos bons a apresentar para captar financiamentos externos mais em conta. A questão, no caso, não é o de dificuldade de disponibilidade de dinheiro e, sim, a capacidade de mostrar projetos sustentáveis.

PIB NEGATIVO

– A atividade econômica, no Brasil, está extremamente fraca. No segundo trimestre (entre abril e junho), teremos um PIB negativo. O IBGE vai divulgar o número no dia 29 de agosto. E as manchetes dos jornais do dia 30 serão nesta direção. Isto, por si só, vai impactar nas expectativas de empresários e da população em geral.

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CONTAS PÚBLICAS

– As contas públicas pioraram. Os gastos do governo Dilma, em 2013, são 60% superiores aos do começo do governo Lula, em 2003.

O MAIS GRAVE

– O mais grave é o intervencionismo do governo, que acha que pode regular a economia. Isso afeta os negócios.

RANKING

– Estudo global mostra que o Brasil aparece em situação muito ruim na comparação com outros 143 países, em diferentes fatores de infraestrutura analisados. Em oferta de energia, estamos em 68º lugar. Em ferrovias, ocupamos a posição 100; em rodovias, estamos na 123ª colocação; em transporte aéreo, somos o 134º. E na qualidade dos portos, o Brasil surge só em 136º lugar.

CÂMBIO

– A tendência é o dólar se aproximar de R$ 2,50, ou até R$ 2,60 antes das eleições. No horizonte de dois a três anos, o câmbio vai se sustentar ao redor disso. Não se iludam.

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