De setembro para outubro, a inflação no Brasil passou de 0,44% para 0,56%, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (8). Com o aumento, puxado pela conta de luz e pelos alimentos, o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 4,76%, estourando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. As informações são do O Globo.

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O centro da meta para inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. No mês de outubro, só as carnes subiram 5,81%, a maior alta em quatro anos.

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O aumento da inflação se dá, também, pela alta do dólar. Neste ano, a moeda americana já subiu quase 17%. Nesta sexta, o dólar opera em alta, chegando a alcançar R$ 5,77.

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A previsão do mercado é de que os alimentos tenham uma grande alta em 2025, mesmo com estimativa de safra recorde. Isso se dá por conta do câmbio e também pelo descompasso entre oferta e demanda no campo.

Ano deve encerrar com IPCA acima do teto, dizem analistas

O IPCA deve encerrar o ano acima do teto da meta de inflação, especialmente com a alta do dólar que traz mais impacto nos preços internos, segundo analistas.

Graças à bandeira amarela, a energia elétrica deve cair cerca de 3% em novembro, conforme análise de Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio. Isso pode fazer que o IPCA, no mês, fique em torno de 0,20%. Ainda assim, a queda não será suficiente para fazer com que o índice feche o ano abaixo do teto da meta.

Cunha explica, ainda, que há uma demanda adicional de consumo pelas famílias devido às festas de fim de ano. Isso contribui para que haja um repasse maior dos custos pelo varejo. Além disso, o aumento do dólar e o aumento sazonal dos alimentos, que costumam subir nessa época, pressionam os preços. Por isso, segundo ele, o IPCA deve fechar acima de 4,5% em 2024.

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Outra questão que pesa sobre a inflação, de acordo com Cunha, é o cenário externo de incerteza para o ano que vem, depois da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, que traz a perspectiva de valorização do dólar e afeta preços dos produtos importados via câmbio. O economista destaca, ainda, que o Banco Central brasileiro segue atento tanto ao cenário doméstico quanto ao internacional, após dar início a um tom mais duro e preocupado na última ata.

— É difícil ter um bom resultado do IPCA que permita alguma tranquilidade (em relação aos juros). Em 2025, o dólar tende a se valorizar. E, aqui no Brasil, há a questão fiscal. Resta saber o que será feito pelo governo. O Galípolo terá um grande desafio pela frente — completa o especialista.

Alimentos são a maior variável de risco para inflação em 2024

Os alimentos são a principal variável de risco para o resultado da inflação em 2024, de acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Com o anúncio da redução para a bandeira amarela em novembro e uma esperança para a bandeira verde em dezembro, as chances de o governo conseguir entregar a inflação no teto da meta aumentam.

Uma vez que a Petrobras não demonstra sinais de reajustes, os alimentos é que ditarão o rumo do índice de preços, aponta o economista.

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Nas contas de Vale, a previsão é de rompimento do teto da meta. O economista calcula que o IPCA deve fechar o ano em 4,7%, com uma variação média de 0,38% entre novembro e dezembro. Com a piora da inflação corrente, Vale considera “acertada” a decisão do Banco Central de elevar os juros em 0,5 ponto percentual. As projeções dele indicam, ainda, que a inflação deve se manter acima de 4% em 2025 e 2026.

— Está nas mãos do governo buscar um desfecho diferente para essa situação. O anúncio de um robusto pacote fiscal será fundamental para estabilizar os preços de ativos, especialmente o câmbio. Sem isso, a pressão persistirá — pontua Vale.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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