A inflação controlada, mas persistente, dos últimos meses fez os consumidores despertarem para o velho hábito da compra do mês. Apesar de muita gente ter conservado o método desde o período da hiperinflação encerrado há 20 anos , os supermercadistas percebem maior adesão à modalidade nos últimos meses.
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Essa forma visa a economia, mas especialistas dizem que sai mais caro encher o carrinho uma vez que comprar aos poucos com base em pesquisa de preços.
Assim que o mês começa, a dona de casa Vilma Schmitt vai ao supermercado fazer a compra da família de seis pessoas. Por algum tempo chegou a comprar semanalmente, mas abandou a prática. Ela diz que ir mais vezes ao mercado, além de aumentar a conta, traz transtornos e exige tempo. Embora tente economizar, Vilma percebe que o gasto com alimentos é cada vez maior, até com o tradicional arroz e feijão:
– Quando vinha ao mercado várias vezes no mês acabava comprando coisas a mais e precisava enfrentar toda a semana o trânsito.
:: Assalariados são os que mais aderem ao rancho
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Apesar de ser mais cômodo, a prática adotada por Vilma deve ser evitada, defende Cláudio Formagi, economista e professor de Administração e Economia na Uniasselvi. Ele explica que a desvantagem está na variação de preços e na falta de pesquisa. Como os preços variam com frequência, comprar de forma concentrada significa adquirir produtos que nos próximos dias podem estar mais baratos. Outro ponto é a pesquisa. Dificilmente um local terá vantagem em todos os produtos.
– O rancho fazia sentido na época da hiperinflação, quando os preços aumentavam 80% ao mês. Mas agora, apesar do aumento persistente, a inflação está controlada. Fazer rancho é perder dinheiro – explica.
A dona de casa Márcia Buss compra um pouco a cada semana porque prefere adquirir os alimentos mais frescos. Embora saiba que alguns produtos têm altas sazonais, ela comenta que é difícil o preço voltar ao que era anteriormente:
– O tomate, por exemplo, aumentou bastante e depois baixou, mas não voltou ao preço anterior.
O faturamento que antes era igualmente distribuído por todo o mês agora está mais concentrado entre o dia 30 e o começo do mês seguinte, conta o sócio do Supermercado União, Roberto Deschamps:
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– Temos um perfil de supermercado de passagem, em que as pessoas não costumam fazer compras grandes. Ainda assim nos últimos meses dá para perceber um certa mudança nesse hábito.