Passado o primeiro turno das eleições, o mercado se concentra no juro básico da economia (Selic) e na inflação. A semana que começa terá terça e quarta-feira a penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
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Principal instrumento da política econômica do governo, a definição do novo nível do juro provoca divergências entre especialistas. Um grupo estima a manutenção da atual taxa de 7,5% ao ano, enquanto outros acreditam em um corte de 0,25 ponto percentual.
Mesmo faltando dois encontros do Copom – o outro será no fim de novembro -, a maior parte dos analistas avalia que o ciclo de redução do juro já terminou neste ano. Para 2013, inclusive, muitos projetam a retomada dos aumentos da taxa.
– O BC já sinalizou o término dos cortes em 2012, especialmente em razão do repique da inflação nos últimos meses – lembra o consultor financeiro Nilton d’Avila Farinati.
Além disso, ressalta Farinati, a política de cortes de juros vem se mostrando insuficiente para reativar a atividade econômica. Mesmo com as medidas de estímulos para alguns setores, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer menos de 2% este ano. No atual momento, Farinati considera a inflação o maior perigo à desaceleração da produção.
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– Antes, previa um corte de 0,50 ponto percentual, mas agora estimo redução de somente 0,25 ponto percentual e uma pequena chance de manutenção da taxa – afirma Zulmir Tres, diretor da Sparta Assessoria de Investimentos.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que atingiu 0,57% em setembro e já acumula 3,77% em 2012, acrescenta Tres, mostra que a inflação está fugindo do controle do governo, que deve apertar o cerco para manter a meta de 4,5% para este ano com teto de 6,5%. Em 12 meses, o IPCA alcança 5,28%. Alguns especialistas projetam um longo período de pressão inflacionária. Relatório do Banco Espírito Santo Investimentos (BES), por exemplo, indica que o Brasil terá três anos seguidos de inflação acima do centro da meta do governo.
– Existe uma certa complacência com a inflação que chega assustar. Ter um sistema de metas e não cumprir, com o passado que tivemos, tende a levar a inflação a níveis mais elevados – critica Jankiel Santos, economista-chefe do BES.
Quanto aos resultados das eleições municipais, analistas acreditam que não deve haver impacto na economia e nem no mercado financeiro. Tampouco devem influir a polarização entre candidatos da situação e oposição em algumas cidades com segundo turno. A eleição presidencial americana, em 6 de novembro, enfatiza Farinati, pode ter mais efeito na economia brasileira do que as eleições municipais. Essa influência pode aumentar caso as pesquisas indiquem crescimento do candidato republicano, Mitt Romney, em relação ao presidente Barack Obama.
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*Com agências de notícias
Três cenários para o futuro da Selic
1
Cresce a chance de manutenção da taxa básica em 7,5% ao ano em decorrência do repique inflacionário dos últimos meses. Com isso, conforme especialistas, o atual nível de juro permaneceria também no encontro do Copom previsto para o fim de novembro, último de 2012.
2
As estimativas de redução de 0,25 ponto percentual continuam intensas, apesar de muitos economistas já descartarem essa possibilidade. No caso de fixação em 7,25% ao ano, esse nível seria mantido pelo Copom até o fim do ano.
3
Em número cada vez menor, ainda há analistas que projetam corte de 0,50 ponto percentual, com a taxa básica caindo para 7% ao ano. Com ou sem novos cortes da Selic este ano, especialistas já antecipam mudança para 2013, quando os juros tendem a ser elevados como estratégia de combate à inflação.