Há um ano, Javier Milei assumia a presidência da Argentina. Na época, o economista “anarcocapitalista”, como ele se intitula, recebia um país com inflação altíssima, grandes gastos públicos e moedas desvalorizada — o peso, em comparação aos vizinhos da América do Sul. As informações são da Revista Veja.

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Durante a campanha, Milei já fazia promessas de cortar gastos e as funções do Estado, dando lugar à iniciativa privada. Foi aí que surgiu o símbolo que virou “a cara” do governo dele, a motosserra.

Em junho, já na Casa Rosada, o presidente aprovou a Lei de Bases, um pacote de medidas que quer reduzir a presença do Estado na economia, sanear as contas públicas e ampliar os poderes do Executivo. A proposta, mais conhecida como Lei Omnibus — para todos, em latim — minguou de 664 para 238 artigos para poder vingar. A oposição, então, apelidou o texto de “micro-ônibus”.

Inflação caiu?

As investidas de Milei parecem resultar em alguma melhora econômica. A inflação mensal desacelerou de 25,5% em dezembro de 2023 para 2,7% em outubro de 2024, o menor índice desde 2020.

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O peso argentino valorizou. Milei havia prometido substituí-lo pelo dólar, mas não cumpriu. As taxas do dólar no mercado paralelo encolheram em até 44%, aproximando-se do valor comercializado oficialmente.

São “passos de bebê”, já que o país ainda tem muito pela frente. Um dos impedimentos é a inflação anual, em 193%. Boa parte da população, no entanto, tem visto as taxas mensais como um positivo prognóstico para o futuro. Isso rendeu ao ultraconservador uma boa popularidade, de 42% a 45% no primeiro ano, com um salto para 47% em novembro.

O comportamento político de Milei, que é instável e “sobe o tom”, também ampara a popularidade dele. Durante o governo, já foram feitas cerca de 100 substituições, tanto por demissões quanto por renúncias. Os números foram levantados por Pablo Salinas, cientista político argentino.

Pobreza nos maiores níveis

Mesmo com a inflação desacelerada e com o peso valorizado, há um efeito rebote: a pobreza, que chegou aos maiores níveis em 20 anos na história do país. Atualmente, mais da metade dos argentinos são considerados pobres.

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Os dados afetam principalmente as crianças, sendo que duas em cada três vivem em situação de vulnerabilidade. No total, 1,5 milhão de cidadãos pulam ao menos uma refeição e muitos escolhem alimentos mais baratos, ou seja, menos nutritivos.

Em julho, a carne bovina atingiu o menor consumo em um século na Argentina. O alimento é quase um item de luxo, devido aos preços elevados, e é trocado por outras proteínas como o frango.

O consumo médio anual do produto será de 44,8 quilos por habitante em 2024, sendo que a média histórica era de 72,9 quilos, mostrou um levantamento da Bolsa de Comércio de Rosário.

Milei está esperançoso que a pobreza diminua com as mudanças duras que acontecem na economia. No mês anterior, o presidente disse que “a recessão terminou”, que o país estava “saindo do deserto” e “finalmente começou a crescer”.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial preveem que a Argentina tenha o melhor desenvolvimento entre os sul-americanos em 2025. Ainda assim, a produção de bens e riquezas em solo argentino deve cair 3,4% em 2024. Essa é a pior recessão da América Latina.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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