Praias impróprias para banho são aquelas que apresentam riscos à saúde dos banhistas, e a última análise da balneabilidade em Santa Catarina alerta que 128 pontos do litoral receberam essa classificação negativa. Entre os motivos para evitar entrar no mar contaminado estão infecções, diarreia e até hepatite A, doenças que podem ser contraídas na água com alto índice de micro-organismos.
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As praias que são avaliadas como “impróprias” concentram maior quantidades de coliformes fecais nas amostras de água analisadas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA). É pela presença da bactéria Escherichia coli, achada no sistema digestivo dos animais de sangue quente e que pode causar diversas infecções, que o Conselho Nacional do Meio Ambiente orienta a classificação da balneabilidade.
Caso uma pessoa entre em contato com o mar impróprio, e principalmente engolir a água contaminada, o banhista se coloca em risco. A doença mais comum nesses casos, segundo o médico Antonio Carlos Bandeira, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), é a gastroenterite.
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— É uma inflamação do trato gastrointestinal e que deixa a pessoa com diarreia e outros sintomas, como sensação de febre e vômito — explica o médico.
Infecções nos ouvidos, nariz e garganta também podem ser causados pelas bactérias coliformes fecais. Já as cianobactérias, micro-organismos semelhantes às algas, produzem toxinas que podem levar à sensação de febre, erupções na pele, vômito e, mais uma vez, diarreia.
— A pessoa vai apresentar os sintomas geralmente de duas a 24 horas depois do banho no mar contaminado. Muitas vezes a pessoa já saiu da praia e acha que comeu algo estragado, mas foi o contato com a água — afirma Bandeira.
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Também há chance, mas com menor frequência, de contrair uma infecção pela bactéria Vibrio vulnificus, que também causa diarreia, mas é capaz de deixar infecções na pele. Bandeira fala que o micro-organismo acha pequenos ferimentos e se aloca no local, provocando uma bolha de pus. Idosos e pessoas com imunossupressão correm maiores riscos, já que o sistema imune desse público age de forma menos efetiva.
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O infectologista ainda diz que hepatite A também pode ser transmitida pelo mar impróprio para o banho. No entanto, atualmente os diagnósticos são menos comuns por conta da alta cobertura vacinal contra a doença.
Os locais com produção de ostras, como boa parte do litoral de Santa Catarina, precisam de mais atenção. Segundo Bandeira, as produções do molusco concentram muitas bactérias, como salmonela, o Vibrio vulnificus e o vírus da hepatite A.
Epidemia de diarreia em Florianópolis
Florianópolis informou na sexta-feira que está com epidemia de diarreia. Neste sábado, a prefeitura atualizou os dados com alta de 25% dos casos (738) em apenas um dia. A maioria tem sido confirmada na UPA Norte, no bairro Vargem Grande, que já acolheu 487 pacientes. Cerca de 75% dos pacientes foram atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Norte da Ilha de SC.
A Capital possui 53 pontos impróprios para o banho, mais da metade dos locais avaliados pelo IMA, e mesmo assim conta com grande movimento de banhistas nas praias. Os balneários de Jurerê e Canasvieiras, famosos pelo turismo, estão entre os locais sem balneabilidade.
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Apesar disso, a prefeitura não confirma que os dois fenômenos têm relação e disse que irá investigar as causas da epidemia.
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Como é feita a análise da balneabilidade
O IMA faz uma análise baseada em uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que tem como parâmetro a bactéria Escherichia coli. A classificação do IMA é atualizada semanalmente de novembro a março, durante a alta temporada. Na baixa, de abril a outubro, isso é realizado mensalmente.
A avaliação acontece pela coleta de amostras da água durante cinco semanas em um mesmo ponto: se ao menos 80% delas tiver até 800 Escherichia coli por 100 mililitros, o local é considerado próprio; caso não atenda a esse critério ou tenha mais de 2 mil micro-organismos na amostra mais recente, ele é impróprio.
Veja quais praias de SC estão próprias para banho:
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