Os móveis catarinenses já levaram o carimbo tipo exportação: até 2005, o setor respondia por mais de 50% dos embarques nacionais do produto, que tinha no mercado externo o principal cliente. Com a valorização do real e a crise internacional, o polo foi obrigado a se reinventar e descobrir como adaptar os produtos para o gosto brasileiro.
Continua depois da publicidade
O cenário de vendas da indústria de móveis catarinense se inverteu na última década. Se em 2005 as exportações representavam 70% da receita do setor e somavam US$ 449 milhões, em 2013 o volume de embarques ficou restrito a US$ 197 milhões.
– Para não quebrar, a produção da indústria teve de migrar aos poucos para o mercado interno – diz Arnaldo Huebl, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria do Mobiliário da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Indústria se adapta para fabricar novos modelos
Continua depois da publicidade
O polo moveleiro do Planalto Norte, que reúne São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, passou pela transformação. Um dos desafios foi adaptar o parque fabril. A Seiva Móveis, de São Bento do Sul, chegou a ter três fábricas. Cerca de 70% da produção eram voltados para o exterior. Com o dólar desvalorizado a empresa parou de exportar. Duas unidades foram fechadas e houve um corte de 23% no quadro de funcionários nos últimos dois anos. Para se adaptar à nova realidade, a companhia precisou buscar clientes dentro do país.
– Diversificamos os públicos-alvo e aumentamos nosso mix. Ficamos menores, mas reduzimos custos e saímos do vermelho – diz Kassio Alexandre Costa, gerente da empresa.
Ganhar a preferência do consumidor brasileiro exigiu da indústria catarinense ampliar o investimento em design.
Continua depois da publicidade
Novas estratégias para crescer
A Meu Móvel de Madeira acabou fechando a fábrica que tinha em Rio Negrinho em 2010, para começar do zero uma nova companhia. De 300 funcionários, a empresa passou a contar com oito colaboradores. A produção foi terceirizada, o foco ajustado para o mercado interno e a plataforma de vendas saiu da loja física para o e-commerce.
– Na exportação, não fazíamos o design dos produtos, apenas fabricávamos os pedidos. E o objetivo era o preço baixo – diz Ronald Heinrichs, presidente da empresa.
Ele diz que os produtos para o mercado interno se adaptaram ao gosto do brasileiro.
– O apartamentos no Brasil estão cada vez menores. A tendência é de móveis compactos e funcionais – diz.
Continua depois da publicidade
A Enele, de São Lourenço do Oeste, ampliou seu parque fabril e investiu R$ 2 milhões em equipamentos e R$ 1,5 milhão na área construída. A empresa criou uma unidade exclusiva para desenvolvimento de produto, onde trabalham cinco pessoas.
– É um setor que trabalha 12 meses por ano para desenvolver projetos exclusivos – destacou o diretor-proprietário da empresa, Nivaldo Lazzaron Júnior.
A empresa tem 70 modelos de móveis e 40 modelos de estofados e conta com 250 funcionários.
Ao gosto do freguês
– Cores mais claras: o mercado externo demanda móveis mais escuros, feitos de pínus, com os nós da madeira aparentes, enquanto o mercado nacional prefere tons claros e madeiras como eucalipto
Continua depois da publicidade
– Uso de MDF: para exportação, a madeira de reflorestamento era a matériaprima mais usada. O material é uma chapa de fibra derivada da madeira – é mais barata e competitiva no mercado nacional
– Dimensões menores: o padrão dos móveis nos EUA é maior do que no Brasil. Com imóveis cada vez mais enxutos no Brasil, a indústria teve de readequar projetos e fabricar peças menores e mais leves
– Investimento em design: acostumadas a fabricar móveis sob demanda, a indústria precisou investir em pesquisa e desenvolvimento para criar novas peças
Continua depois da publicidade