Depois de mergulhar na recessão em 2015, a indústria catarinense finalmente acena com a retomada. Os últimos dados de produção industrial, divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, corroboram a tendência de recuperação: em agosto, houve crescimento de 5% em relação ao mesmo período no ano passado.

Continua depois da publicidade

Considerando os primeiros oito meses de 2017, apenas em junho a indústria catarinense registrou performance pior que em 2016, mostrando uma recuperação gradual. O desempenho, no entanto, ainda está muito abaixo do verificado em 2015 e, principalmente, em 2014, antes da crise. No país, houve crescimento de 4% ante agosto de 2016. O Estado acumula incremento de 3,7% no ano, e o Brasil, de 1,5%. Em relação a julho, o índice ficou estável em Santa Catarina e teve uma leve retração de 0,6% no país, já considerando o ajuste sazonal.

O avanço na produção catarinense vem acompanhado de outro incremento, o do número de empregos. No ano, a indústria é a líder isolada na geração de postos de trabalho formais em Santa Catarina, responsável por 23,5 mil das 29 mil vagas abertas em todo o Estado. Com isso, a indústria catarinense foi a que mais criou empregos no Brasil em 2017.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de SC (Fiesc), Glauco José Côrte, esses e outros números comprovam que a retomada é consistente.

— Vemos que é sustentável porque os dados vão se consolidando mês a mês. E até as vendas industriais, que vinham com índices cada vez menores, mas ainda negativos, teve uma virada em agosto. Dos principais segmentos (da indústria), mais da metade está crescendo – avalia Côrte.

Continua depois da publicidade

Metalurgia lidera alta da produção

Uma das recuperações mais intensas entre os segmentos industriais no Estado é o da metalurgia. De janeiro a agosto, o setor já acumula alta de 24% na produção industrial ante o mesmo período em 2016, o maior crescimento entre os ramos da indústria estadual. Por um lado, o resultado é alto porque parte de uma base de comparação fraca: os últimos dois anos foram péssimos para o setor. Ainda assim, não há como negar uma virada do segmento.

Um exemplo é a Wetzel, empresa octogenária de Joinville que não resistiu à crise e entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2016. As vendas, diz o presidente, André Wetzel, chegaram a encolher 70% em volume e foi preciso demitir funcionários. Neste ano, contudo, a companhia voltou a fechar contratos e começa, pouco a pouco, a recuperar o volume de vendas e as contratações.

— Estamos conseguindo um volume grande de novos negócios que vão nos garantir lucros melhores também em 2018 – diz o presidente.

Além da metalurgia, a fabricação de veículos (9,5%) , de alimentos (7,2%) e de vestuário (6,3%) ajudaram a puxar a alta da produção industrial catarinense no ano. A fabricação de produtos de borracha e de material plástico foi a que mais encolheu, queda de 6,6% em 2017.

Continua depois da publicidade

No Brasil, produção cresceu em 13 de 15 locais

O cenário catarinense não é um caso isolado. No país, a indústria também vem se recuperando. De janeiro a agosto, 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE produziram mais que no ano passado. Os destaques são Pará (8,6%) e Paraná (4,6%). Santa Catarina empata com o Espírito Santo em terceiro lugar, (3,7%).

No país, o maior dinamismo foi influenciado pela expansão na fabricação de bens de capital (em especial aqueles voltados para o setor agrícola, de transportes e construção); de bens intermediários (minérios de ferro, petróleo, celulose etc); de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos da linha marrom); e de bens de consumo semi e não-duráveis (calçados, têxteis e vestuário).

Por outro lado, Bahia (-3,9%) apontou o recuo mais elevado no ano, pressionado, principalmente, pelo comportamento negativo da metalurgia e de coque e derivados do petróleo e biocombustíveis. O outro local com taxa negativa foi a região Nordeste, com recuo de 1%.

Continua depois da publicidade